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𝗖𝗔𝗠𝗜𝗟𝗔

—Foi mal! —Gabi respondeu abafado por eu estar cobrindo a boca dela e logo eu tirei. —Eu não sei como você segura isso tudo calada, na boa. O que teu pai faz você passar não é normal não.

—É o meu pai, Gabi... —respondi tentando me convencer que apesar de tudo que eu aguentei até aqui foi por um laço maior.

—Ta, e daí? — ela levantou a sobrancelha deixando sua testa franzida— Não é por isso que você tem que aceitar essas coisas. Vê se alguma vez ele acatou as suas vontades por você ser filha dele.

Desviei o olhar dela sabendo que ela estava certa.

—Me desculpa estar me metendo assim na tua vida. —ela continuou— mas é que pra mim é muito foda te ver nessa situação. Você não tem que bancar a filha perfeita que abaixa a cabeça pra tudo, essa não é você. Você é animada, que adora sair, conversar com os amigos, dançar, se maquiar, usar roupa curta sim, beijar na boca, transar, ser cobaia das minhas tatuagens...—eu acabei rindo lembrando de como eu amo fazer tudo isso, quando consigo dar umas escapadas com a desculpa que vou dormir aqui na vó —E nada, nada disso te faz puta ou anula a garota dedicada, estudiosa, leal e foda que você é.

—Eu amodeio você por me fazer cair na realidade assim. — funguei e ela veio me abraçar —Eu vou dar um jeito nisso tudo.

Ela se afastou e assentiu.

—Eu só quero te ver bem, Mila. Se for com o Caio, Thiago ou sozinha, não importa, desde que seja por vontade e escolha sua.

Obrigada, Gabi. As vezes eu me sinto horrível por levar essa vida dupla e sacanear o Caio. —torci o lábio incomodada com as minha atitudes.

—Você sabe que eu nunca apoiei traição, mas não é como se você quisesse estar com o Caio e mesmo assim ter um lance por fora, você tá com ele praticamente obrigada pelo meu tio. Isso tão absurdo que... Aff, —ela fez uma pausa e negou— essa porra não entra na minha cabeça.

Antes eu respondesse, alguém bateu na porta e em seguida minha mãe a abriu.

—Filha, o Caio quer se despedir. Tá te esperando lá na sala.

"Não dá pra sei lá, falar que eu morri?" Pensei comigo mesma

—To descendo, mãe! —essa foi a minha resposta. Ela assentiu e fechou a porta.

Eu fiz uma careta só de pensar no Caio e a Gabi riu da minha cara.

Eu levantei e fui andando até as escadas que davam acesso a sala. Estranhei o fato de estarem todos reunidos ali cheio de sorrisinhos e tive a impressão que estava todo mundo me olhando, ou talvez estivessem olhando pra Gabi que descia atrás de mim com o seu cabelo rosa e muito mais tatuada do que a última vez que esteve aqui em Minas.

Quis acreditar na segunda alternativa.

Terminei de descer a escada e o Caio esticou a mão pra mim até segurar a minha mão direita, me puxando pra ele e abriu um sorriso largo que me fez tremer as pernas na pior definição da palavra. Eu estava sentindo que aquilo não podia ser bom.

Eu comecei a sentir o ar travar no meu pulmão quando tive a certeza que o olhar e a atenção de todos ali estavam em nós dois, no meio da sala.

—Marquei a data, amor. Data do nosso casamento! —Ele falou com certa empolgação e eu engoli seco.

—C-como?! — pergunto e solto devagar minha mão da dele

—Marquei a data. Vinte e um de abril! Nosso casamento!

Ouvir aquilo me fez perder totalmente a capacidade de reagir enquanto a minha mente entrava em pane. Estava todo mundo esperando que eu falasse algo enquanto eu só queria sumir dali.

Eu sempre quis ser independente, estudar, trabalhar, conquistar as minhas coisas com meu esforço e trabalho. Não que casar me atrapalharia nisso, mas casar com o Caio, com certeza me impediria de conquistar tudo. Ele segue a mesma linha de raciocínio do meu pai e Eu não iria suportar levar a vida que minha mãe leva com meu pai de ser sempre bela, recatada, submissa e do lar.

Não, definitivamente não!

—Fala alguma coisa, filha! —meu pai falou disfarçadamente entre os dentes e tentando segurar um sorriso nos lábios. Com certeza a minha expressão não estava das melhores.

Olhei pro Caio e neguei com a cabeça. —Desculpa, mas não dá. —a felicidade dele foi se apagando —Eu não vou casar com você.

O silêncio na sala foi tanto que era possível escutar o tic-toc do relógio de parede.

—Como assim não vai casar comigo? Tá louca? —vociferou e eu neguei

—Desculpa, Caio. Eu juro que eu tentei, mas eu cheguei no limite. Você sabia que eu não queria, eu te pedi pra não marcar nada... Eu... Eu não consigo. Não vou me casar com você!

No segundo seguinte já estavam todos falando ao mesmo tempo, eu ouvia meu pai esbravejar e todo se meter no assunto, mas o barulho dentro da minha cabeça estava tão alto que aos poucos fui ficando alheia ao que minha família dizia.

Passei entre as pessoas que ali estavam e caminhei para a saída de casa. Cheguei na calçada, enchi meu pulmão de ar e liguei pra única pessoa que poderia me dar uma moral e não me deixar voltar pra aquela confusão. Thiago.

Mal eu sabia o que me aguardava.

Boa noite, nenens! Fiz um insta pras fic, vou postar bastante coisa por lá

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Boa noite, nenens!
Fiz um insta pras fic, vou postar bastante coisa por lá. Então se vcs quiserem ficar mais pertinho dos personagens, receber um spoilerzinho sobre os futuros capítulos ou me conhecer melhor e papear comigo, segue lá! ♥️

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