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FLÁVIA DUARTE

Mentira, óbvio. 

Queria eu ter ficado bêbada o suficiente pra não me lembrar do beijo que eu dei no Hugo, Deus do céu, como eu queria. Mas eu lembro, e infelizmente eu acho que não daria pra esquecer o quão bom foi. 

Mas foi, passou e não vai acontecer de novo. Nunca mais!

Acordei hoje com uma dor de cabeça do inferno e super enjoada com aquele gosto de cerveja na boca e parecendo que eu tava carregando um peso de cinquenta quilos na cabeça, Deus me livre.  A vergonha moral foi me consumindo quando levantei da cama e vi o Hugo deitado na cama de cima, ativando em mim todas as lembranças de ontem.

Andei na ponta do pé pra pegar uma roupa e sumi daquele quarto pra dentro do banheiro, morando debaixo do chuveiro por longos minutos, deixando a água fria cair na minha cabeça. Acabei vomitando três vezes e o enjoo até que melhorou um pouco, me fazendo jurar que hoje eu não beberia nem uma gota de álcool.  

Escovei os dentes duas vezes, sentindo minha mão trêmula assim como minhas pernas que estavam um pouco bambas. Quando voltei pro quarto o Hugo não estava mais la e eu agradeci mentalmente,  liguei o ar condicionado  deixando que meu corpo mole caísse na cama e fechei os olhos.

Ouvi a porta abrir alguns minutos depois, mas não me dei ao trabalho de abrir os olhos, mas pelo perfume amadeirado que tomou o ambiente certeza que ou era o meu irmão ou era o Hugo. Tive certeza que acertei a segunda opção quando ouvi ele me chamar e abri os olhos o encarando, ele ja tava de banho tomado e tudo.

Hugo: Ta mal, né? —eu apenas assenti e ele riu — Levanta aí, toma um remédio que eu trouxe pra você. 

Flavia: Não quero. —choraminguei sentindo meu corpo fraco e fui fechando os olhos novamente

Hugo: Coé Flavia, faz isso não cara. —pediu — Vou te ajudar, vem, levanta só um pouquinho —falou colocando o braço por baixo de mim, me ajudando a sentar na cama. — Toma, vira de um vez só.

ele abriu um vidrinho amarelo e me deu. 

Flavia: Que merda é essa? — fiz careta sentindo aquele troço quase voltar na minha garganta quando bebi o primeiro gole sentindo o gosto amargo daquilo. 

Hugo: é boldo, é ruim mas tu vai melhorar rapidinho. —neguei. 

Flavia: isso é horrível, Hugo —choraminguei— não da pra beber isso não. —empurrei pra ele que empurrou pra mim de volta. 

Hugo: Por favor, Flavia.  —pediu.— Para de ser teimosa, pô — suspirei e acabei de virar aquele troço sentindo meu braço arrepiar de tão ruim

Flavia: Se você queria usar isso pra me traumatizar e eu nunca mais beber assim na minha vida, parabéns, você conseguiu. —falei devolvendo o frasco vazio pra ele, que riu.

Hugo: Descansa mais um pouco que daqui a pouco tu tá melhor. — segurei a mão dele quando ele levantou pra sair do quarto.  

Flávia: Brigada, ta?! —disse meio sem jeito

Hugo: Tamo junto, po.  — ele sorriu fraco  e eu deitei de novo, vendo ele sair do quarto.

Cochilei por mais uns quarenta minutinhos e acordei me sentindo bem melhor mesmo, tomei outro banho pra tirar aquela sensação ruim do corpo e o banho frio me ajudou bastante também. Pelo menos o enjoo, a dor de cabeça e a tremedeira tinham passado. 

Quando saí do banheiro, encontrei o Hugo saindo do quarto dele também vindo na direção oposta a mim. 

Hugo: E aí, melhorou? Ta pronta pra outra? —parou na minha frente segurando o copo térmico dele e eu fiz careta só de ver a cerveja na minha frente. 

Flavia: Deus me livre, não sei como vocês aguentam! —ele riu— Mas melhorei sim. Obrigada, de novo.  —ele estalou a lingua no ceu da boca, negando com a cabeça. 

Hugo: Deixa disso, po. Sabe que não precisa agradecer! — disse me puxando pra um abraço com o braço desocupado e eu abracei sua cintura, sorrindo ao sentir o beijo que ele deixou na minha testa. Ali eu soube que nada entre a gente tinha mudado. 

levantei a cabeça um pouco pra conseguir olhar no olho dele, que me olhou de volta. 

Flavia: Ta tudo bem entre a gente? — quis confirmar e ele assentiu, sorri aliviada abraçada nele ainda. — desculpa ter te metido na minha confusão. Eu te conheço o suficiente pra saber que você não deve estar nada confortável em esconder isso do Felp,  então se você quiser contar...  tudo bem, eu assumo esse b.o. com ele. —ele negou

Nosso abraço se afroxou até que nos soltamos gradativamente, mas continuamos bem próximo um do outro.

Hugo: Tu sabe que teu irmão vai ficar mil vezes mais puto se souber disso pela boca de outra pessoa né?! —assenti, fazendo bico. — óbvio que eu prefiro que ele saiba disso por mim e por você, mas também não sou maluco de sair falando com ele sem conversar contigo antes.  

Suspirei fechando o olho e concordando com ele. Meu irmão fica maluco quando mentem pra ele ou quando ele descobre por terceiros algo que deveria ter sido contado a ele. 

Hugo: E nem acho que aqui é o melhor momento. Teu irmão vai querer caçar fundamento da porra toda e se ele chegar no lance do Lucas... fudeu, esquece! Vai criar um climão do caralho aqui e ninguém veio aqui pra isso, então melhor deixar esse assunto morrer aqui e no Rio a gente vê o que faz. —concordei. 

Flavia: Eu vou dar um jeito nisso! —disse pensativa e ele estalou a língua no céu da boca

Hugo: Tem essa não, Flávia. O caô que der pra você é meu também! Apesar de ser pego de surpresa, tu não beijou sozinha não.  —ele falou e acabei rindo de nervoso — Ué, beijou? —perguntou me olhando dentro dos olhos

Automaticamente minha mente viajou recordando a cena do beijo e eu engoli seco, sentindo minha respiração travar no pulmão com aquilo e sem entender o motivo disso ao mesmo tempo. Talvez tenha sido porque o beijo realmente foi bom, apesar de tudo.

Flávia: Não. —respondi baixo olhando pra ele, mas logo desviei o olhar tratando de expulsar aqueles pensamentos doidos da minha cabeça oca.

Hugo: Então pronto, pô. — disse simples e eu apenas assenti.

Flávia: Obrigada por respeitar minha decisão de não falar nada por enquanto. —dei um beijo na bochecha dele e sai em direção ao quarto, escutando os passos dele indo na direção oposta no corredor.

Acabei de me arrumar no quarto e desci, encontrando com as meninas na cozinha onde o assunto ainda era eu, o Hugo e o bendito beijo. Agora é rezar pra esse assunto não chegar no ouvido do Felipe antes de eu criar coragem de contar.

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