Chamas e Espinhos (ROMANCE LÉSBICO)

Boneca Russa

  Maria seguiu a passos apressados para alcançar a russa, chegando ate ao escritório dela no segundo andar, entra devagar com a cabeça meia baixa e a cara embaraçada pelo acontecido a pouco tempo atrás.

– Desculpe-me é que aconteceu um imprevisto. – Já estava preparada para receber algum esporro como ela fara alguns segundos antes com o outro trabalhador.

– Não traga assuntos de fora pra cá e não é permitido o uso de celular em horário de trabalho. Entendeu? – Avisou a loira de maneira ríspida e se sentando na cadeira para ligar o computador.

–Sim, compreendido. – Nem precisava da segunda regra, não tinha mais celular mesmo.

– Pegue uma cadeira ali e traga pra cá.

Maria pegou uma cadeira de plástico que estava próximo a ela e arrastou para se sentar ao lado da russa, abriu um pequeno caderninho de anotações, e marcou item por item, de como ter acesso ao artigos de venda, estoque, tipos de bebidas e também o acesso do registro de clientes. Anotara cada detalhe de tudo do que a loira alta dirá, e outras que ela havia percebido por si só. Parou um momento para observar Vanoska no funcionamento do programa e não deixou de perceber um detalhe, que não tinha nada a ver com o trabalho. Aquela russa usava um perfume de lignum vitae, um aroma amadeirado bastante afrodisíaco, que deixava qualquer um que estava ao lado em estado de embriagues. "Só faltava essa agora!", argumentou Maria mentalmente, porque aquele tipo de perfume também era usado por Nicole, não tão forte quando o dela, mas mesmo assim, era da mesma essência. Ao sentir esse cheiro, não deixou de pensar na sua ex-esposa, principalmente no que acabara de acontecer alguns minutos antes. Seu coração que estava quase se acalmando, voltou a acelerar novamente acompanhado de tontura. Olhou para fora através das janelas de vidro, para ver se o caminhão ao qual Luiza havia saído retornara, mas, não tinha nenhum caminhão ao alcance de sua vista.

– Você esta prestando atenção no que estou dizendo? – Pergunta Vanoska com uma voz seca.

– Sim estou. – Falou Maria voltando o olhar rapidamente para a tela do computador. Confessa que estava sendo difícil se manter neutra, mas tinha que se acalmar.

– Como eu havia dito. O seu trabalho é pegar cada recibo e preencher o estoque no programa, e toda vez que sair alguma mercadoria, é o seu dever dar baixa para que não fique acumulado estoque, entendeu? Alguma pergunta?

– Não, eu compreendi tudo perfeitamente. – Disse o mais rápido possível. "Com uma pessoa brava dessas ao lado, qualquer um iria aprender rapidinho só pelo olhar gélido", pensou Maria se lembrando dos avisos de Luiza naquela manha.

– Então, sente-se aqui e faça você mesma – Vanoska sai da poltrona e se senta na cadeirinha de plástico aonde estava Maria.

Maria ajeita a poltrona para ficar mais alta e poder alcançar o teclado que estava na mesa. Fez pequenos movimentos com o nariz para respirar a fundo o ar em sua volta, "a cadeira inteira esta fedendo a lignum vitae pra compensar!" , expulsou esse pensamento para em seguida se concentrar na tarefa. Pegou a primeira folha que estava na mesa, e seguindo as anotações que fizera no caderninho, deu baixa no primeiro recibo de entrega, pegou outro e fez a mesma coisa. Fez em todas folhas que estavam ali na mesa, assim que terminou a russa pediu para que a seguisse. Desceram ate o primeiro andar e foram adentro de um pequeno quartinho que estava do lado da sala de repouso.

– Eu vou pedir para arrumarem esse local e colocar um computador aqui pra ti. – Disse e em seguida abriu uma outra porta que dava para mais uma sala com menos de dez metros quadrados. – Aqui é o almoxarifado, o seu trabalho será organizar todos os documentos que receber e separa-los por títulos assim que der baixa. No momento poderá usar o computador da minha sala, ate que esteja pronto o outro escritório.