Auto sabotagem

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Alguns dias depois de terminado o expediente, Maria estava no terraço do prédio de sua moradia, aquela área era usada pelas moradoras para prender as roupas no varal ou bater um papo nas mesa de plástico. Volta e meia as meninas brasileiras faziam churrasco naquela parte, era melhor porque levava o cheiro da carne para os quartos e sala. Fora isso, se tornou um dos lugares de refugio mental de Maria. A garota dos olhos âmbar adquiriu ultimamente hábitos nada saudáveis e usava isso como uma fuga para aliviar o estresse, sentia uma angustia enorme dentro de si, a saudades da mãe lhe doía o peito, e além disso, sentia muita falta de sua amiga Jordana. Já se passaram meses sem trocar ao menos uma palavra, não faria isso pela segurança dela e também não achava seguro liga-la mesmo com o celular novo. Aquela sensação de humilhação estava preenchendo-a dia após dia, não estava contente com a rotina que vinha seguindo nesses tempo, será o emprego? Sua condições desagradáveis como "individuo errante" ou porque sentia que algo parecia estar se repetindo?

Se levantou para ir ate a grade do terraço e olhou afora. Estavam lá, seus stalkers, podiam ver eles claramente do terraço do prédio, o mesmo carro que vira inúmeras vezes para todos os lugares que ia. Além desse carro tinha mais outros dois que desconfiou serem do mesmo grupo. Aquilo já estava a irritando, não tinha privacidade para mais nada, nem pra sequer visitar a sua mãe e retornar em segurança. Se sua ex-esposa descobrir aonde estaria dona Mariane estava, tudo, absolutamente tudo entraria por agua baixo, e Maria estará em enorme problemas. Voltou para se sentar na mesinha de origem e olhou para o céu estrelado. O clima era sempre agradável naquela região, próprio para tomar uma bela cerveja e fugir da realidade que estava-a sufocando. Não apenas o habito de beber, mas infelizmente o habito de fumar começou a ser adquirido a poucos dias atrás. Maria viu que o cigarro a estava deixando mais tranquila depois de varias horas de "estresse" que passava durante o dia. Terminou um e já foi puxando outro logo em seguida. Porem, a mulher que sentou ao seu lado colocou a mão na caixa que estava sobre a mesa e a afastou de seu alcance.

Maria acho melhor você parar. – Disse Luiza puxando uma cadeira para si e sentando ao lado dela.

Parar com o que? – Constatou a mais baixa que nem ao menos olha para ela, e da algumas goladas de sua cerveja. Seu semblante estava meio estranho, claramente visível que estava semiembriagada.

Maria! Eu estou realmente achando que você esta passando dos limites. Não percebeu que você esta se esta se auto sabotando? Você pode mudar de emprego se não tiver mais aguentando, não adianta levar essa vida só por um salario. Fale com o seu Zakhar da próxima vez, ele pode te conseguir um emprego em outras sedes dele. Eles tem varias sedes que poderia muito bem encaixar você em uma delas.

Maria deu uma gargalhada alta que ate deixou um pouco do liquido no copo cair no chão.

Luiza olhe para mim, não adianta eu mudar de emprego, lugar, vida, cidade, pais, continente, planeta, dimensão etc. Nada disso adianta! Sabe porque? Porque eu sou o problema, e aonde eu for eles virão comigo. – Pôs a mão nos cabelos jogando esses para trás. Antes pintava seu cabelo da cor castanha, agora já estará pintando de preto azulado e fazia constantemente uma maquiagem bem escura de rockeira. Havia se enturmado com uma galera que conheceu nos bares finais de semana que iam com frequência em pubs de rock, de tanto conviver com eles aos poucos foi mudando o seu estilo, assim como o habito de fumar que veio junto.

Há algumas coisa a mais acontecendo que não queria me contar? – Luiza a olhou seria, considerava Maria uma irmã caçula. Não sabia porque, mas se simpatizava com ela, talvez porque sentiu a empatia de uma historia difícil, assim como a sua, apesar de sentir que Maria tinha muitos mais segredos por trás daqueles olhos.

Chamas e Espinhos (ROMANCE LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora