Venha comigo

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Ajudar a curar a dor do próximo era como se fosse um remédio para aliviar as suas próprias dores, mesmo que essas não sejam físicas. Sophia estava sorridente e um pouco aliviada após ter passado uma pomada cicatrizante em um garotinho de onze anos que, havia passado por um cirurgia, estava fazendo bom efeito. O menino parecia um rapaz adulto pelo seu comportamento e seu destino cruel o fazia agir como tal, um destino cujo os pais foram mortos na sangrenta guerra civil que alastrava a Síria. Apesar do garoto nem sequer fazer cara de dor ao tocar em seus ferimentos, Sophia notou em seu olhar uma pesada feição de tristeza, vazio e desesperanças, reconheceu imediatamente aquelas feições, porque ela própria os carregava. Estava naquele exato momento no campo de atendimento a refugiados que seu colega Osmir havia a indicado, não estava a muitos dias naquele local, mas apesar de suas limitações culturais, os seus serviços que vinha prestando ate agora já foi de boa ajuda a todos ali que suspiravam por um alivio.

Prontinho – Fez um sinal com o seu polegar de que havia concluído e recebeu um agradecimento no idioma árabe. "شكرًا" (Shkran), disse o garoto de forma educada com um pequeno balançar na cabeça e sai do local para ir ao encontro de seu responsável. Apesar de Sophia estar a poucos dias naquele lugar, já foi o suficiente para aprender pelo menos algumas palavras do idioma principal que era comunicado naquele centro de refugiados.

Sophia? – Pouco tempo depois. Aproveitando que a porta estava aberta, Arthur entra no minúsculo compartimento que era o escritório improvisado da Dra. O mesmo medico que era conhecido de Osmir, de aparência nova e cabelos negros comunicou. – Achei alguém que pode te auxiliar na comunicação com os imigrantes daqui. – Ele informa e abre passagem na porta, e logo Sophia analisa uma figura não irreconhecível entrar. Era uma senhorita de estatura media, e imediatamente Sophia franziu o cenho pelo fato de nem sequer poder ver o seu rosto direito da mesma por causa da burca que ela usava que cobria a cabeça aos pés como um longo lençol negro. A única coisa que podia ser visto ali, era o seu intenso olhar âmbar claro com tons esverdeados e com uma leve maquiagem em torno de suas pálpebras; coloração tipica da beleza das mulher que assolavam essa região do oriente médio.

Prazer. – Sophia se levanta para estender a mão, mas logo a mulher se inibe como se tivesse se precavendo de algo.

Ela também e enfermeira – Avisa Arthur – Bem, vou deixar vocês se conhecerem, licença. – O rapaz se afasta e fecha a porta atras de si para dar um pouco mais de privacidade as duas.

Prazer em conhece-la. – Só quando Arthur saiu da sala foi que Dra. pode sentir a sua voz. Sophia notou que se tratava de uma mulher madura por volta dos trinta anos. A mesma estendeu a sua mão e a cumprimenta de volta dessa vez.

Me chamo Sophia Pelegrini, sou cirurgia plástica e vim para ficar um tempo aqui para fazer trabalho comunitário. Como posso chama-la? – Sophia notou que ela evitava olhar em seus olhos, e sua postura ainda permanecia um tanto que restrita. Sua fala em italiano era bom, mas havia sotaque perceptível de ser uma estrangeira.

Aisha. – Disse a enfermeira.

Sua voz tinha um timbre curiosamente diferente, e a ruiva não estava se referindo ao sotaque. Ficou alguns segundos fitando os olhos dela e em seguida quebra o gelo.

– Então Aisha, pode ficar a vontade quando precisar vir ate a minha sala. – Sophia mostra a cadeira para que ela se sentasse, mas a mesma recusou.

Tudo bem, eu prefiro ficar em pé mesmo, não irei tomar muito de seu tempo. – Ela juntou as suas mãos massageando os dedos e se afastou para ficar perto porta, desviando o olhar como se tivesse preocupada com algo. – Eu apenas quero lhe comunicar que sou enfermeira e fui mandada para te auxiliar com as mulheres mulçumanas, além de fazer tradução claro.

Chamas e Espinhos (ROMANCE LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora