Má conduta.

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Se passara quase dois dias desde que Vanoska havia se ausentado daquela casa, e Maria estava sentada numa cadeira da cozinha em frente a mesa esperando pacientemente a senhora lhe servir. Enquanto a mulher de idade estava de costas para ela preparando os afazeres em frente a pia, Maria a observava com muito cuidado, ela não era uma pessoa nada gentil e ate um pouco alterada em certos pontos. No dia anterior queria ajuda-la a retirar a mesa depois do jantar, mas for repreendida por ela que falou de um modo ate grosso de volta. Sim, ela falava italiano e super bem, apesar de não possuir nem de perto os costumes italianos, aquela mulher falava fluentemente a sua língua. Maria tentou puxar conversa e perguntar sobre coisas do dia a dia, e também soltou uma pergunta de como ela havia apreendido italiano, mas a única coisa que recebia de volta era o duro silencio acompanhado de um olhar um tanto ameaçador. Depois disso, desistiu de tentar "puxar" conversa ou falar sobre outras coisas que não fosse referente a que tipo de comida queria comer e as roupas sujas que tinha que lavar. De acordo com Vanoska, ela estava impedida ate de lavar a sua própria roupa, achou aquilo um absurdo, mas depois do que anda acontecendo naquele local, achou que a maneira menos pior de reagir era obedecendo a sua "esposa" e ficar na sua.

Depois desses dois dias que passara, Maria já estava esperando para qualquer momento a loira entrar pela porta, mas o dia foi passando e nada. Estava super curiosa para investigar aquele sótão de novo, mas ate não descobrir em como Vanoska havia sentido a sua presença ali e como destravar aquela coisa estranha que a senhora havia colocado no interruptor, isso seria quase impossível. Porem, de maneira alguma havia desistido de procurar respostas e estava sim disposta a desvendar as coisas antes de arquitetar algum plano para fugir. Confessa que tinha um certo receio da reação da russa sobre essa invasão que havia feito em seu "ninho" particular, mas tinha que descobrir, tinha que ter alguma forma de "encontra-la" e achar um furo entre esse quebra-cabeça para poder usar a seu favor.

O tedio já estava insuportável, a única coisa que podia fazer naquele local era assistir filme, olhar alguns canais na tv, ler livros ou brincar na neve afora. Não podia sair dos limites daqueles muros e aonde ia, o olhar atento daquela senhora sobre si era um tanto exagerado para naquelas circunstancias. Não conseguia dormir a noite também, suas insônias voltaram e uma coisa que não deixou de notar foi que a durante a noite a senhora vira varias vezes em seu quarto lhe checar se ainda estava ali deitada. Maria estava já convencida de que essa mulher não estava ali apenas para lhe fazer comida e lavar a sua roupa, ela estava ali para uma coisa a mais que era vigia-la. Isso significa que Vanoska estava com receios, mas qual deles? Medo de que ela iria fugir ou tentar entrar em contato com alguém de seu convívio social? Se ela esta tento esses tipos de receios, então, o que lhe aguarda mais para frente?

Enquanto fazia essas perguntas para si mesma suspirava fundo observando o sol se pondo no exterior de sua janela, e se encolheu mais ainda em seu casaco de pele tentando cobrir o frio que veio arranhando logo em seguida. O terceiro dia havia se passado e Vanoska ainda não havia retornado. Sentia o olhar da senhora em suas costas quando esta veio ate o segundo andar e naquele momento Maria se vira para perguntar:

Tem alguma noticia dela? – Perguntou de maneira rápida antes dela se virar para ir em outro compartimento.

Como já era de esperado ela não respondeu, apenas balançou a cabeça em negação como resposta e saiu do local sem nem ao melhor olhar em sua cara. Maria esfrega a mão em seu rosto e vai ate o banheiro tomar uma ducha quente antes de colocar as suas roupas para dormir. Ao sair do banho, percebeu que sua cama já estava arrumada e havia mais cobertas do que o normal. Sentira a algumas horas antes que aquela noite seria mais frio do que o normal e deu graças a Deus por ter uma cama quentinha naquele momento.

A madrugada chegara e Maria não conseguiu passar de apenas alguns cochilos, durante a silenciosa noite, ouviu um barulho vindo do primeiro andar e som de pessoas discutindo em um tom baixo, apesar da porta de seu quarto estar fechada os ruídos eram nítido de que havia mais de uma pessoa naquele andar. Se levantou, calçou as suas pantufas e pôs um casaco maior antes de abrir a porta e ir devagar ate a escada para verificar o ambiente. O que viu logo em seguida a deixou apavorada, Vanoska estava lá com parte de seu corpo ensanguentado e esta se encontrava recebendo os cuidados de Olga que estava ao seu lado fazendo uma espécie de curativo e pontos em na lateral de seu abdome. Em suas mãos que ainda estava banhada me sangue, limpava com um pequeno pano uma espécie de faca. Maria que estava escorada no corrimão da escada se ajoelhou boquiaberta naquele exato momento, tentava se esconder entre a escuridão do segundo andar para observar melhor aquela cena. Infelizmente as duas estavam discutindo em russo, e as palavras não eram nada audíveis por ainda estar limitada no idioma. Pensou por um momento descer ate o primeiro andar para dar alguma assistência, mas isso não foi necessário porque a própria russa a viu lá de cima fechando a sua cara em seguida e lhe lançando um olhar nada amigável. Maria se encolheu naquele instante, e ela diz alguma coisa para Olga que pega as coisas e sai do local logo em seguida. Então Vanoska começou a vir em direção as escadas e naquele exato momento Maria se levantou num pulo correndo em direção ao quarto. Apesar de ser uma ideia burra fingir que estava dormindo, apenas se sentou na lateral da cama esperando aflita a outra cruzar pelo local. Não demorou muito para que a porta fosse aberta de maneira um tanto bruta, revelando a figura assustadora de Vanoska que estava vestida em trajes de couro de jaqueta aberta e com a camisa rasgada ao qual usava por baixo desta. Essa liga a luz vem em direção a Maria que estava ate um tanto encolhida pela aquela visão um tanto aterradora e principalmente ver a quantidade de sangue que reinava pelo corpo da outra.

Chamas e Espinhos (ROMANCE LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora