Três dias no inferno

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Ainda com uma arma apontada em sua direção, Maria fechou os olhos tentando se convencer que a realidade era apenas um sonho, mas ao abrir novamente, viu que Vanoska já havia destravado o revolver e esse estava pronto para ser disparado. Nos olhos da mais velha ainda escorriam lagrimas e esta estava claramente desesperada.

Eu não acredito que eu fui tão ingênua em acreditar em você esse tempo todo! – Se afastou mais ainda de Maria indo em direção a porta, evitando que a mesma conseguisse fugir do local ou tivesse alguma reação imprevista. – Eu ainda guardo sentimentos por você! Por isso eu lhe daria apenas uma chance, me diga quem te pagou para coletar informações ou infelizmente eu terei que cometer algo que eu não gostaria.

Maria mais uma vez estava sem reação, incrivelmente seu ataque de pânico não se manifestou ainda, mesmo tendo um revolver apontado em sua cabeça. Suspirou fundo, e a única coisa que fez foi se ajoelhar no chão devagar, estava esperando o seu fim, e por falar a verdade já estava esgotada, estava cansada de tentar viver.

Maria eu estou sendo justa com você! Se o meu pessoal te pegar será pior, então é melhor você revelar para mim antes! – Continua Vanoska enxugando algumas lagrimas em seu rosto.

Naquele exato momento, Olga que estava a um bom tempo analisando o comportamento da garota entre as paredes do corredor, entra no quarto com um semblante serio e fuzila Vanoska que estava ao seu lado. A senhora diz algo de volta para a russa que baixou o revolver em seguida. Maria que ainda estava ajoelhada, levantou os braços levando as mãos em direção ao seu queixo enquanto curvava o seu tronco para frente, era uma reação habitual que fazia quando estava nervosa ou assustada, e se assemelhava a uma posição de uma criança indefesa. Por todo esse tempo, não emitiu nenhuma palavra, e as lagrimas que escorriam de seus olhos faziam isso da forma mais silenciosa possível.

Você conhece as regras. – Diz a senhora ao lado da loira que suspira fundo. – Descubra logo e relate o quanto antes, ou eles irão vir atrás de você também.– Olga falou esse tempo todo em russo, as duas tinham noção que Maria não tinha conhecimento do idioma.

Eu ainda estou em duvidas, eu a conheço a quase um ano, ela não tem esse perfil. – Sussurra Vanoska de volta para a mulher de idade. – Preciso verificar isso direto, talvez estamos cometendo um erro.

A senhora suspira em irritação em um tom de deboche, complementa:

Pelas minha experiências que carrego nesses anos de vida, acredite, esse perfil é um dos mais perigosos que tem. Alias, que mais provas você quer? Ela claramente estava usando uma identidade falsa e procurava arquivos. – Nesse exato momento Olga se vira em direção a Maria e pergunta para ela em italiano. – Você foi mandada por algum grupo criança? Cosa Nostra? Alguma outra organização? Qual é o seu objetivo aqui? – Mesmo estando naquela situação, Olga tinha plena consciência que Maria não tinha treinamento nenhum, e se recebeu foi por algum tipo de recomendação ou treinamento foi por curto período. Ela servia mais para o tipo de pessoa que recebeu a oferta de algo que lhe trazia vantagem.

Responda ela Maria!! – Vanoska mais uma vez aponta o revolver.

Maria vira a cabeça para o lado e mira a sua visão na loira, seus olhos estavam em um tom rosado. O desespero que sentia, já fazia parte de seu ser o acariciando como uma fonte indesejada de vida. Piscou os olhos de maneira demorada e responde enquanto tremia o queixo de leve.

Você assassinou a pessoa que fez isso comigo! – Baixou o olhar novamente e dessa vez voltou a chorar de forma compulsiva, e a única coisa que se passava na sua cabeça naquele instantes era a lembrança de sua mãe. Deixava suas memorias trazerem os fleches de sua genitora como uma dose de alivio para aquela situação.

Chamas e Espinhos (ROMANCE LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora