Ate que a morte nos separe

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Sophia que já havia embarcado no carro, baixou a cabeça e levou as mãos ate suas orelhas ao escutar o grito da garota afora que ajoelhou no chão em desespero. Isabel deu partida no veiculo logo em seguida e as duas seguiram pela estrada de volta para o norte da Itália, seria uma viagem longa que levara mais de um dia, mesmo dirigindo o dia todo. No caminho, o choro angustiado de Sophia era o único som que circulava dentro daquele veiculo fora o barulho do motor. Isabel não falara nada ate então, sabia que ela precisaria de um tempo logo depois do que acontecera e sente que haviam feito a coisa certa, mesmo que isso tenha magoado profundamente a sua amada. Durante o percurso, Sophia enxuga as lagrimas e comenta baixo em uma voz tremula.

Eu a trai... Ela não merecia aquilo! – Disse e mais uma vez passa os dedos em seu rosto evitando que as gostas molhassem ainda mais a sua roupa.

Depois de um tempo, Isabel sentiu as suas mãos doerem por dirigir e decidiu fazer um pequeno break no acostamento que dava vista a uma montanha adiante. Desligou o veiculo para diminuir a temperatura do motor e suspirou fundo ao olhar para o lado e ver Sophia que estava com a cabeça escorada no braço ainda chorando silenciosamente.

Sophia. Eu sei que isso foi difícil mas foi o certo! – Isabel descobrira tudo ainda naquela semana quando a mulher de cabelo curto apareceu do nada ate a sua casa lhe ameaçarem. – Você não calculou os riscos??? Você ao menos parou para pensar na gravidade do crime em que você cometeu???

Sophia coloca as duas mãos na cabeça ao relembrar do sufoco que estava passando. Juliana havia lhe entregado todas as provas de que descobrira a cirurgia feita a quase um ano atrás na senhoria Galantis, e ameaçou de entrega-las as autoridades como cumplice por ter ajudado uma criminosa. Por outro lado, a estranha mulher havia lhe feito uma proposta, Sophia iria ajudar a retirar Maria da delegacia como Cloe Evans e em troca iria receber um laudo judicial com a aprovação da cirurgia na mesma data em que esse foi realizado, de acordo com o que a Dra. havia informado. Não apenas isso, havia também a garantia naqueles documentos que todo o processo havia sido feito de forma legal e que não teria problemas futuros, logo agora que haviam descoberto que Maria Galantis era suspeita de ter se envolvido em trafico de armas.

Eu não acredito que ela estava envolvida nisso! – Sophia havia falado em voz alta quase que berrando.

Você pessoalmente viu as provas que aquela mulher lhe mostrou! Sabia que ela estava sendo procurada pela esposa. Sophia! Eu sei que você é uma pessoa generosa, mas você tem que tomar cuidado! Olha o problemão em que você se meteu! Além de perder a sua licença medica você poderia ser presa por ter feito essa cirurgia em uma pessoa que se tornou uma criminosa! – Isabel estava pasma, falara mil vezes a mesma coisa e parecia que Sophia não havia captado nada. Ela mesma fizera planos, se Sophia recusasse a oferta, ela mesma iria pessoalmente ate lá resolver o que deveria ser feito.

Entregamos ela para uma carniceira foi isso que aconteceu! – Complementa Sophia colocando as duas mãos em volta do nariz em uma posição de reza.

– É a esposa dela Sophia, eu sei que é difícil, mas olha no que essa moca se meteu em apenas um ano de tal liberdade. – Isabel fecha os olhos e tenta se acalmar. Quando ficou sabendo daquilo nem teve tempo de discutir com Sophia, apenas pensava em resolver o problema primeiro, mas agora chegou a hora, chegou a hora de tirar as satisfações que já estava a dias martelando em seu peito. – Sophia! – Pausa para esperar ate que a outra lhe olhasse de volta nos olhos. – Você ainda guarda sentimentos por Cloe?

A ruiva virou a cabeça para o lado em direção ao vidro e ficou em silencio, apertou os olhos e cruzou os braços.

Sim ou não? – Isabel estava receosa por aquela resposta e ficou um bom tempo esperando-a. Por fim, Sophia sai do carro, prossegue, e se escora em uma arvore de pinheiro que ficava a poucos metros do veiculo, mais uma vez baixa a cabeça e começa a chorar. Isabel também saiu do carro e anda ate ela com passos pesados, vira-a de frente pra si e olha nos olhos da mulher menor, em que o brilho verde respondia por si só a sua duvida. – Sophia, você ainda a ama! – Dessa vez, foi Isabel que começa chorar e caminhou ate o carro num misto de raiva e tristeza. – ME DIGA A VERDADE! – A morena gritou enquanto deu um tapa no capo do carro.

Chamas e Espinhos (ROMANCE LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora