Alto mar

59 6 9
                                    


 Esperando em pé, perto da fila das pessoas que iriam para embarcar no ônibus. Sophia confere mais uma vez, a sua identidade e passagem, antes de apresentar para o inspetor que iria dar autorização aos passageiros para embarcar. Seu olhar caído em tristeza, não permitia sequer que a mesma levantasse a sua cabeça por um momento e olhasse os degraus da subida. Estava indo para Roma, entrou em contato com o seu velho colega Osmir e decidiu ficar alguns dias por lá para realizar alguns trabalhos voluntários. Por sua clínica ainda estar em escassez de pacientes; esse tempo livre será um bom proveito para preencher em algo que mais gostava, realizar trabalhos voluntários sempre extrai algumas gotas de felicidade dentro de si, por se sentir útil em ajudar o próximo.

Naquela noite em que Isabel foi e seu escritório para pegar a sua assinatura, a loira foi indiferente como das outras vezes, abraçou Sophia enquanto a ruiva descarregava a dor em seus ombros, mas assim que a mulher se acalmou, Isabel ainda a abraçando forte, deu um beijo em sua testa e depois disse: " Seja feliz, eu sempre irei te amar", virou as costas depois disso e saiu do escritório deixando Sophia ainda pior do que já estava. Estava sozinha, tinha que admitir isso para si mesma, não tinha amigos próximos além de colegas, a única amiga que tinha até agora era Isabel, e infelizmente estava sendo difícil de cair a fixa de que ela se foi para sempre.

Ao sentir o ônibus se movendo, e ver a paisagem a fora da janela mudando a cada segundo, Sophia deixou uma lágrima solitária cair por sua face, podia ir de carro sem problemas, mas no estado emocional que se encontrava não iria ter estômago para dirigir a uma distância tão longa sem se distrair na estrada e possivelmente causar um acidente. Por isso, enquanto esse tempo passava no caminho, aproveitou a solidão e pensou no rumo de sua vida, as consequências que teve que tomar por conta de suas decisões, e nos amigos que se foram e naqueles que por coincidência entraram em sua vida, mesmo de forma não-intencional.

***

– Que bom te ver novamente! – Osmir se aproximou para lhe cumprimentar com aperto de mão, o senhor de cabelos grisalhos estava com as vestimentas de seu trabalho e em suas mãos uma prancheta de dados médicos, acabara de entrar em seu escritório do hospital da onde trabalhava e vira ruiva sentada em frente a mesa. – Como vai?

– Estou bem, com algum tempo livre, então, decidi vir pra cá. – Respondeu Sophia com um sorriso no rosto.

– Tenho um colega que está prestando serviços no centro de refugiados agora mesmo, se quiser posso entrar em contato com ele. – O senhor se senta em sua poltrona e fita a ruiva percebendo que a mesma estava um pouco diferente.

– Pode ser, eu aceito qualquer coisa, apenas quero ajudar – Levantou os braços para os lados e viu o brilho no olhar de seu colega mais velho pela tamanha generosidade que possuía a Dra.Pellegrini.

– Sempre admirei você por isso. – Ele diz antes de pegar o telefone e discar alguns números e ficando poucos minutos conversando com o seu colega do outro lado da linha, e assim que terminou, passou o endereço e as demais informações para Sophia escrito em um pequeno pedaço de papel. – Você poderá ficar por lá, eles lhe fornecerão alimentos, acomodações e entre outras coisas que necessitares, esse meu colega faz parte de uma ONG que ajuda vítimas de guerra, ele disse que será um prazer em ter você na equipe.

– Ficarei feliz em atender – Sophia se levanta, e vai até a mesa do senhor para pegar as anotações. – Estarei indo para lá agora mesmo, obrigado pela gentileza Osmir.

– Nós que agradecemos Sophia, tenha uma boa jornada – Ele se levanta para se despedir da ruiva com um aperto de mão e Sophia segue até a saída do hospital em busca de algum táxi para lhe levar até o seu destino.

Chamas e Espinhos (ROMANCE LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora