Iate

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Estavam outra vez em frente aquele pequeno jato particular da empresa Barone, separadas apenas pelo vidro que ficava na sala Vip. Maria não conseguia adivinhar o que Nicole estaria planejando, tudo foi tão rápido e pratico graças a competência dos funcionários, mas por que? Ela nem ao menos havia trocado de roupa, ainda estava com as mesmas vestimentas que havia saído da cerimonia daquele enclave, e pelo visto Nicole também estava. Apenas foram ate a mansão e rapidamente retornaram ao aeroporto, porem, ainda na sala Vip antes de embarcar na aeronave, Maria se virou para Nicole e engoliu seco antes de tentar soar as palavras.

Eu queria ter visto a minha mãe antes de viajar de novo... – Baixou o olhar na mesma hora que terminou aquele pedido.

– Não! – Nicole apenas a olhou de rabo de olho e voltou a sua visão para fora aonde estava o piloto de seu avião discutindo com um funcionário do aeroporto. – A sua mãe esta bem, e você poderá vê-la somente na nossa volta.

Maria engoliu seco novamente, e dessa vez foi de raiva. Não tinha mais medo de Nicole, não sabia explicar, mas parecia que todo aquele mostro que era pintado a sua frente toda vez que estava na presença dela, havia se desmanchado para um ser pequeno. Fechou o seu punho novamente como toda a vezes em que estava irritada, e encolheu um pouco o seu corpo para não deixar transparecer a fúria que fervia dentro de si.

Embarcaram na aeronave poucos minutos depois e cada uma ficou em sua poltrona, ate o momento seguro para seguir ate a pequena mesa de jantar que estava perto de uma janela, quando a aeronave por fim alcançou a rota horizontal. Algumas comissárias vieram por o banquete e Nicole que havia ido ao banheiro lavar as mãos, volta e lança um olhar para Maria que já sabia da ordem. A garota menor se sentou no outro banco e olhou ao redor, não havia muita comida apenas algumas coisas para disfarçar a fome.

– Coma um pouco! – Nicole a serve um copo de suco e em seguida enche a sua própria taça com o vinho que havia sido aberto ao seu lado. – Teremos dias longos de agora em diante, e eu estou ansiosa para comemorar a sua volta.

– Aonde estamos indo? – Maria perguntou e olhou para o relógio do pulso de Nicole que já marcava meia noite.

– Palermo. – Ela pega a taça de vinho entre as mãos e joga o seu corpo para trás na poltrona analisando as feições da garota a sua frente. – O resto será surpresa.

Maria apertou o tecido do vestido que estava sobre sua perna, porque logo na ilha Sicília? Sabia que lá era um lugar turístico, mas por que justo lá? Naquele instante pensou brevemente em Luiza e nas amigas brasileiras, nunca mais teve noticias delas e queria muito falar com alguém conhecido talvez o chaveiro que era dono do prédio para saber o que houve com elas, porem, em suas condições, essa curiosidade terá que ser deixada para um momento oportuno, e sabe lá se esse momento chegara algum dia. Apenas olhou nos olhos de Nicole e não conseguiu decifra-la, ela parecia um pouco misteriosa e não se lembra de vê-la naquela situação, geralmente aquela mulher era sempre transparente em suas emoções e gestos. Nicole estava com um físico diferente do que lembrava, ela estava um pouco mais magra, houve uma diminuição do volume de seus músculos, mas mesmo assim continuava deslumbrante e carregava as típicas características de uma mulher com um dom da liderança e ao mesmo tempo feminina. Em seu rosto, aquele olhar penetrante com feições rígidas de autoritarismo pareciam que ficavam mais marcantes a cada numero de idade que ela adquiria.

Nicole não havia tocado na comida a sua frente, apenas aquela taça de vinho parecia ser o suficiente para ela. Assim que terminou de usufruir a bebida, a mulher morena largou a taça em uma bandeja que estava no carrinho perto de si, se levantou e se sentou ao lado de Maria que se encolheu em direção a janela. A poltrona era grande, podia caber ate três pessoas nela, mas, Nicole sentou exatamente ao lado dela a fazendo ficar constrangida e um pouco receosa também. Maria largou a comida na hora e puxou as suas mãos para ficarem cruzadas em frente ao seu peito, olhou para Nicole por um breve instante e em seguida olhou para o seu prato em sua frente, era um pouco difícil de fita-la nos olhos, e sabia que não era apenas ela que sentia esse "sufocamento" ao encara-la, vira isso no rosto de alguns funcionários e ate da própria Dra. Pellegrini por um instante. A própria presença gritante de Nicole deixavam as pessoas a sua volta atordoadas numa espécie de mal-estar indecifrável.

Chamas e Espinhos (ROMANCE LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora