:: bilhete

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- Ola! - Disse tentando ser simpatica.

- Ola minha jovem - A velhinha ditou enquanto pegava seu cachorro no colo, eu me afastei.

Tenho um medo profundo de cachorros.

- E-eu quebrei a minha casa moca! - Ela me olha confusa - Eu tava só lavando loca eu juro, mas o fecho saiu e agora tem água por toda minha casa eu não sei o que fazer e - Eu disse tudo de uma vez.

- Calma jovem, respire - Ela disse meiga enquanto pegava seu celular em seu bolso. - Querido, venha aqui fora, depressa! - Ela me olhou e sorriu, eu repeti seu ato.

Eu olhei para frente e vi um menino correndo em nossa direção, era Jungwon.

- Oi vo! Está tudo bem com a senhora? - Disse preocupado.

- Estou bem querido, essa menina necessita de ajuda. Acha que consegue a ajudar?

Eu contei o que aconteceu e ele disse que já havia acontecido com ele, então seria facil consertar.

- Muito obrigada, eu nem sei como te agradecer!

- Eu nem consertei nada ainda - Falou rindo e logo pegando a chave englesa na mao - porem, de nada! - Ele sorriu fofinho e foi consertar o negocio.

Eu fui lá na intenção de ajudar, porem fiquei dando apoio moral mesmo.

- Eu sinto muito muito mesmo. Sinto muito! - Um péssimo apoio moral por sinal.

- Yah! Por que está se desculpando? Coisas assim acontecem, não se preocupe.

- Muito obrigada Jungwon. - eu me curvei em um ângulo de 90 graus e logo me levantei - Você caiu do céu! Desculpa por por você nessa, sério mesmo.

- Eu já disse que está tudo bem! Não precisa me agradecer e muito menos se desculpar! - Disse enquanto levantava e limpava a mão em uma pequena toalha que deixei para ele. - Pode me chamar qualquer hora, Kang Yari. - Ele sorriu fofinho. - Irei te ajudar com qualquer coisa que precisar!

Eu estava chocada com o que dissera. Ninguém nunca falou isso para mim, acho que a última vez foi quando era menor e minha professora me ajudou na prova de matemática. Eu sorri em sua direção, porém minha face ficou muxoxa logo em seguida. Meu sorriso foi virando uma cara de choro. Jungwon me olhou assustado e balançou as suas mãos em um sinal que todos podiam adivinhar que significava: NÃO CHORE! NÃO CHORE! Eu limpei as lagrimas que caiam com a parte de trás da minha mão e logo deixando minha cabeça direcionada para o chão. Jungwon parecia que estava sem reação, eu entendo, comecei a chorar do nada.

Ele nem me conhecia direito, na verdade, ele não conhecia nada além do meu nome, e já me consolou de um jeito tão lindo. Acho que foi por isso que estava chorando, ou pode ser porque era tarde e eu apenas estava carente e cansada. Pode até ser porque minutos antes eu estava desesperada. Minha casa estava quase alagada e eu teria que ou morar como um peixe, ou vender meus órgãos para comprar outra casa.

Como eu odeio ser chorona, que saco. Comecei essa fama de chorona quando eu ganhei meu trauma de cachorros. Eu estava caminhando com o cachorro da minha vizinha, um golden, para ganhar dinheiro, só que eu sentia que esse cachorro me odiava, pelo menos isso é o que diz pela cicatriz que ele deixou na minha perna. Eu já tinha medo de cachorro, mas tive que ignorar por causa da minha situação no momento. Enfim, durante a caminhada, eu tive a brilhante ideia de bosta de subir em uma árvore para ver o pôr do sol né. A cachorra estava presa no meu pé para que ela não escapasse, como podem ver eu era super inteligente. Quando criança eu não era apenas chorona, como também era sonsa, porque essa foi uma ideia ridícula. Enfim, quando eu fui descer, eu nem pensei que o galho enorme da árvore estava cheio de farpas. Então enquanto eu descia, eu ganhava uns dez cortes novos para meus braços e pernas. A cachorra de repente, no meio do nada, decidiu correr, e como ela estava presa no meu tornozelo, eu fui junto. Eu fiquei pendurada na árvore igual uma bolinha de natal. E pior é que a cachorra era persistente, ela de repente estava com vontade de correr a corrida da disney de cinco quilômetros e continuou a correr como se sua vida dependesse disso. Moral da história, eu fiquei duas horas pedindo socorro, de cabeça para baixo, numa árvore cheia de farpas e uma cachorra que literalmente não largava do meu pé. Resultou em uma Yari com o pé mais inchado que um balão em casa chorando toda cortada.

- Desculpa... - Falei ainda olhando para baixo - Eu não devia ter quebrado e deve t-ter sido chato par-para você. - Falei soluçando. - Eu me mudei ontem e já quebrei tudo... Eu sinto muito!

- P-por favor não chore! - Falou meio desesperado e dando tapinhas leves nas minhas costas como forma de consolo. - Está consertado! Não se preocupe, veja! - Ele ditou enquanto eu parei de soluçar um pouco.

- M-muito obrigada J-jungwon! - Falei forçando um sorriso. - E-eu já volto.

Com isso eu fui diretamente para o banheiro lavar meu rosto. Serio, só faltava estar escrito "IDIOTA" bem grande na minha testa, só pode. Eu nem sei o motivo exato de eu estar chorando. Pode ter sido o desespero do momento? Pode. Acho muito provável que seja. Pra falar a verdade, eu acho que sou apenas uma tonta que choraria se visse uma pena caindo no chao, e ainda perguntaria se estava bem.

Depois de um tempo me acalmando, eu voltei para sala e vi um bilhete encima da bancada. "Oi Kang Yari" Por que é que ele usa meu nome inteiro? "Minha intenção nunca foi te fazer chorar, mil perdões por te-lá feito. Espero que esteja bem! Voltei para casa pois tinha que ajudar meu avô a fazer o jantar, me desculpe por sair sem avisar. Eu limpei as coisas aí para você não ter nada na cabeça. Por favor, descanse bem e não pule nenhuma refeição.  Ass: Seu vizinho, Yang Jungwon <3.

Que. Fofo.

Não é possível ter uma pessoa como ele nesse mundo, não é possível.

Eu fui diretamente para a cozinha. Vou fazer algo para ele e seus avós. Eles cuidaram de mim desde o primeiro dia que pisei nessa casa, vou fazer algo para demonstrar gratidão.

𝖣𝗈𝖼𝖾 𝖢𝗋𝖺𝗏𝗂𝗇𝖺 ☆ 𝖸. 𝖩𝗎𝗇𝗀𝗐𝗈𝗇,𝖾𝗇𝗁𝗒𝗉𝖾𝗇 ♡︎Onde histórias criam vida. Descubra agora