E agora?

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RAFAELLA
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Encaro o meu reflexo no espelho puxando o ar de uma vez para os meus pulmões tentando de qualquer forma encontrar a coragem que eu necessito para enfrentar o consulado Nova yorquino.  Minha vontade nesse momento é de voltar para debaixo das cobertas logo depois de ter queimado a carta na qual me pedia para me apresentar-se nessa data. Todavia não sou tão idiota assim e sei muito bem quais são as conseqüências que essa ação me traria. Vim para Nova York com o visto de trabalho, isso há exatamente dois anos atrás e as coisas estavam caminhando perfeitamente bem, eu trabalhava na parte da manhã toda, tomando um pouco da minha tarde. Sendo gerente de uma grande rede cosméticos. E a noite eu fazia a minha tão sonhada faculdade de história. Era uma rotina cansativa e que exigia muito de mim, não vou mentir bancando a fina, mas eu dava conta e arrisco dizer que até gostava.
Isso até quatro meses atrás, quando eu fui mandada embora porque a empresa faliu de vez. Eu sei, uma merda ainda mais porque depois daquilo foi só ladeira abaixo. Tive que trancar a faculdade, pois não tinha mais nenhuma condição de pagar mensalidade, mesmo com a bolsa. Me manter debaixo de um teto e ajudar minha família era difícil. Encontrei-me indecisa, afinal são coisas muito importantes, mas sei que decidi e optei pelo certo. Logo em seguida veio a informação de que meu visto estava prestes a vencer e eu precisava urgentemente passar no consulado para renovar.

Qual a dificuldade? Não tenho nada que me prenda aqui em nova York, nessas condições vai ser bem difícil renovarem, o Máximo que posso conseguir é um de turista. Mas não posso perder as esperanças o de turista já me deixaria aqui por seis meses tempo suficiente eu acho para arrumar um trabalho e conseguir um tempo maior para ficar aqui. Saí do meu pais e vim buscar uma vida melhor para mim e para minha família. Fecho o grande sobretudo que cobria o meu corpo, escondendo o meu vestido preto de malha, de mangas longas que valoriza bem o meu corpo e todas as suas curvas. Confirmo o feixe de bota, também preta e salto mais grosso e canela longa, vindo um pouco acima do meu joelho. Dou uma voltinha em frente ao espelho e não contenho o sorisso de lado ao vê que nem o sobretudo foi capaz de diminuir o volume das minhas nádegas, elas continuam perfeitas e chamando atenção. Estou quase na merda porque tenho valores, porque com a minha beleza eu poderia arrumar uma amante rica em qualquer lugar, acreditem não faltaram oportunidades.

Eu

Vou no consulado agora, amiga, me deseje boa sorte.

Manu

Já deu tudo certo gata.

‘’ mensagem off’’.

Guardo o celular na bolsa junto com a pasta de documentos e currículos, borrifo mais um pouco de perfume e saio do meu pequeno apartamento. Caminho mais um pouco e chego na estação de metro, pegando um para o centro de Nova York.
Morar bem no coração da cidade é muito caro, por isso resíduo em uma cidade vizinha. Como o trem e o metro é muito perto de onde eu moro não tem nenhum problema, consigo me locomover tranquilamente pela cidade tão grande e movimentada. Aperto firmemente a bolsa contra meu corpo e vou caminhando contra a multidão, tentando seguir o meu caminho. Depois de alguns empurroões, inúmeros pedidos de desculpas e algumas cantadas nojentas, finalmente paro de frente ao prédio.

- Vai dá tudo certo, Rafa, confia..- Exclamo em português, acalmando toda a tempestade em meu peito.
Entro no lugar e vou caminhando  um pouco até encontrar o guichê que trata do que quero. Pego o envelope que mandaram ao meu apartamento e dou a secretaria, junto aos meus documentos.

- Bom dia, tenho uma reunião agora.- Dou um sorriso contido.
Ignorando-me  por completo ela continua checando as informações no computador, dado por dado. Algumas pessoas olham para a minha cara e julgam e julgam não gostar de mim, normalmente ocorre muito entre as mulheres.

MINHA POR CONTRATO ( GIRAFA) G!P (CONCLUIDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora