Rafaella
-Encaro a porta de madeira a minha frente, mordendo o lábio inferior em claro sinal de nervosismo e sentindo as lágrimas descer. Não está exatamente igual desde a última vez que tive aqui, mas ainda reconheço esse lugar.
A música tocava alto, chamando atenção. Escutava as risadas e tudo mais, feliz por saber que logo serei eu.
Tomo coragem e toco a companhia, que mesmo em meio a música, faz um som alto.
- Eu atendo.- Minha prima Geovanna grita.
Em poucos segundos a porta é aberta e ela arregala os olhos ao me ver, abraçando-me apertado e com força. Sinto suas lágrimas, mas não me importo, só a aperto com força.
Geovanna e eu sempre fomos muito unidas, assim como eu e Marcella que eu chamo de irmã. Julia e flavina também.
- Não fala nada, quero pegar minha mãe de surpresa.- Falo no seu ouvido e a mesma concorda.
Ela me solta do abraço e cumprimenta as mulheres atrás de mim. Juntamos as mãos, viramos a direita e andamos pelo pequeno corredor da casa, com a pequena horta do meu tio enfrente. Viramos mais uma vez e finalmente ganho a atenção de todos.
- Rafaella!.- Minha mãe fala baixo com as lágrimas já descendo.
Junto as minhas mãos e as levo até o rosto, soltando um soluço.Minha mãe se levanta e sem pensar duas vezes, corro até os seus braços, lhe envolvendo no abraço mais apertado e emocionante de toda a minha vida.
- Eu estou aqui mãe, estou aqui.- Repito diversas vezes durante o abraço, passando a mão pelo seu cabelo.
- Minha menina linda, minha menina amada.- Obrigada, senhor Jesus, obrigada.- Aperta-me em seus braços.
Mesmo sem saber, em seu colo eu choro pela dor de ter meu coração partido, por amar com todas as minhas forças alguém que nem se importa com os meus sentimentos ao ponto de trazer a sua amante para a nossa casa.
No colo da minha mãe eu choro pela saudade. Oh saudade que esses seis anos me acarretou, o tanto que queria sentir o seu cheirinho novamente, sentir o seu abraço forte que me renova e sustenta. Chorei por todas ás vezes que me senti só, que me senti fraca e tive que levantar pra continuar. Por todos esses anos longe. Resumidamente eu chorei por tudo.
- Rafa..- Escuto a voz do meu irmão.
Solto a minha mãe e viro meu corpo na sua direção, sentindo que tudoo valeu a pena quando o olho.
Na época que eu tinha complexo de inferioridade, saia muito para tentar me distrair dos problemas por isso que fui para os estados unidos quando tirei o visto e tive a oportunidade de ir trabalhar e estudar lá.
Sempre vivi a vida com o mínimo do mínimo, afinal era só minha mãe trabalhando em casa de família, ganhando pouquinho mais de um salário mínimo. Mas, mesmo morando em um bairro pobre, tínhamos que pagar aluguel ao meu pai, pois ele ameaçava nos tirar da minha mãe e sem conhecimentos jurídicos, ela acreditava por isso pagava um aluguel absurdo.
Tentamos sair daquela casa para uma mais barata, mas não, meu pai era um filho da puta, então ele não deixava que ninguém aluga-se uma casa pra gente e morar na rua não tinha como. Por muitas vezes fui dormir de barriga vazia porque dava prioridade a minha mãe e ao meu irmão e meu pai nem se importava.
Tenho orgulho da minha mãe, ela comeu o pão que o diabo amassou nas mãos daquele traste.
Voltando. Teve uma época que a situação estava muito critica, minha mãe foi demitida e nem sempre conseguia faxina, por isso tínhamos que poupar o máximo. A crise de desemprego era grande, para a gente moradores de bairro pobres, conseguir algo era mínimo de chance possível. Quando começou a faltar o que comer, meu irmão não fez algo legal e foi roubar para trazer o sustento de casa. Mas graças a Deus ele não foi preso e nem conseguiu roubar, o moço do mercado mandou compras aqui pra graça que deu pra nos mantermos por pelo menos dois meses.
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MINHA POR CONTRATO ( GIRAFA) G!P (CONCLUIDA)
FanfictionRafaKalimann, uma mulher brasileira que se destaca por onde passa. Ainda mais em um país estrangeiro do qual não estão acostumados com uma mulher dona de si e do seu próprio destino, ainda mais com toda a sua beleza. Foi para Nova York, com um único...