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Who did this to you?

- Pablo Gavira -

Tentei tomar um banho rápido, tinha a intenção de chegar em casa o mais rápido possível e não queria atiçar a ira de Alice.

Assim que fechei a torneira do chuveiro, as luzes se apagaram. Levei um pequeno susto, mas acabei caindo na gargalhada.

- Que engraçado, Alicinha. - Alice devia ter encontrado a chave geral, mesmo que não fizesse o feitio da morena.

Mas as luzes continuaram apagadas e ninguém riu do meu susto. Eu não sabia muito bem o que deveria fazer, optei pelo óbvio. Puxei minha toalha e comecei a me secar. A luz dos postes da rua entrava pela janela, e eu conseguia enxergar o suficiente para sair do box e caminhar até o meu armário. Forcei minha visão para enxergar os números do cadeado e consegui destrancar o armário. Peguei uma troca de roupa e me vesti o mais depressa que consegui. Meu reflexo no espelho do armário era só uma sombra. Peguei a chave do meu carro e fechei aquele armário e sai do vestiário.

Fora do banheiro, no corredor, só algumas lâmpadas no teto iluminavam o caminho. O lugar estava todo fechado. Andei mais depressa. O estádio à noite era mais sinistro do que eu imaginava. Pensei em usar o elevador. Não usei, apesar da tentação. Na verdade, eu nem sabia se ele ainda funcionava por conta da aparente falta de energia.

Fui até às escadas na esperança de encontrar uma saída na garagem. Ao me aproximar mais da escada, vi um vulto.

- Alice? - Perguntei ao me lembrar que apenas nós dois estávamos no estádio naquele horário e ela não tinha como ir embora.

- Acho que estamos presos, Gavira. - Ela disse o que eu mais temia ser verdade. - E pelo visto, nós vamos ter que ficar aqui até terça-feira.

Não entendi o que ela quis dizer com terça-feira, já que teríamos treino na segunda.

- Segunda é Dia da Assunção, o CT não vai abrir. - Ela me lembrou.

- Alguma ideia de como podemos sair daqui mais cedo? - Perguntei na esperança de poder voltar para casa antes de terça.

- Consegue ligar para alguém abrir o CT? - Mesmo com a luz fraca, pude ver seu sorriso esperançoso.

Cara, ela sabia sorrir?

- Sem bateria, e você?

- Deixei minha bolsa no carro do Neymar. - Ela disse. - Meu celular ficou na bolsa.

Sua informação me trouxe uma ideia.

- O Neymar vai ver a sua bolsa, vai entrar em contato de algum jeito para te devolver e vai notar seu desaparecimento. - Não escondi minha felicidade ao ligar aqueles pontos. Nós estávamos salvos.

- Neymar me disse que iria sair daqui e buscar o Davi para eles irem para Lisboa passar o feriado. - Ela esmagou minhas esperanças. - Ele disse que iria deixar a Ferrari em casa e iria usar um Volkswagen, que tem um porta malas maior. Ele não vai ver a minha mochila no porta malas da Ferrari.

É, realmente não tínhamos muitas opções.

Ficamos nos encarando por um bom tempo, ambos pensando no quanto estávamos ferrados e cogitando ideias que, se bem sucedidas, poderiam nos tirar daquele lugar antes de terça.

- E então, o que a gente faz? - Quebrei o silêncio que havia sido instaurado.

- Você eu não sei, mas eu vou dormir. - Ela disse virando as costas para mim.

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