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A fan

- Alice Escobar -

Juntei toda a pouca paciência que ainda tinha em meu corpo e respondi a criança.

- Eu não vim tirar uma foto. - Disse balançando a cabeça negativamente e voltando minha atenção para seus sapatos.

Não me dei ao trabalho de explicar o que eu fazia naquele ambiente, afinal, eu não o devia satisfações. Também não tinha paciência o suficiente e nem vontade de lidar com aquilo naquele momento.

- Não? - O garoto indagou com um tom de brincadeira. - Então veio pegar um autógrafo. Sabe, por mais tecnológica que nossa era seja, alguns fãs ainda pedem autógrafos. - Ele sorriu e pegou uma caneta em um compartimento do lado de fora de sua mochila, que nem dava para ser chamado bolso. - Onde quer que eu assine?

Parei tudo o que estava fazendo para dirigir minha completa atenção ao garoto, outra vez.

Eu o encarei, esperando que ele começasse a rir e dissesse que havia sido apenas uma brincadeira. Esperava que depois de algumas risadas ele dissesse qual era o vestiário que eu deveria me dirigir. Esperava que fosse algo rápido, que me poupasse de gastar qualquer energia desnecessária.

Para a minha infelicidade, aquilo não aconteceu.

O jogador continuou me encarando como se esperasse por uma resposta. Ele estava mesmo falando sério sobre as fotos e os autógrafos.

- E então, onde eu devo assinar? - Insistiu na pergunta ao perceber que eu demoraria ainda mais para responder sua perguntar, isso se eu realmente fosse respondê-lo.

- Eu não quero um autógrafo. - Respondi a contra gosto.

Se não fosse sua insistência eu não teria dirigido mais muitas palavras a ele. Isso era fato.

Juro que tentei ser educada, mas a noite mal dormida e o fato de estar em outro ambiente do que o habitual me deixava totalmente atordoada, o que, consequentemente, me deixava irritada. E aquele jogador não estava ajudando muito.

- Não? - Ele riu, duvidando da minha resposta. - Vamos lá, por que mais uma fã iria invadir o CT com risco de ser presa? - Ele estava se divertindo com aquela situação, enquanto eu clamava por paciência.

- Eu não sou sua fã, acho que podemos começar com isso. - Já havia desistido de prestar atenção no garoto e voltei a arrumar minhas coisas, assim eu poderia sair dali o mais rápido possível.

Ele soltou uma pequena risada, logo voltou a falar.

- Impossível. - A única palavra chamou a minha atenção, me fazendo voltar a encará-lo. - Não existe uma torcedora do Barcelona que não é minha fã.

É, eu estava completamente certa ao deduzir que ele era um convencido. Gostaria de saber se ele é assim por conta de sua beleza ou por ser um jogador. Não, eu não queria saber a resposta para essa pergunta. Tinha que sair dali o mais rápido possível e me concentrar em meu treino.

- Até garotas que não torcem para o Barcelona são minhas fãs. - Ele concluiu sua frase.

Se eu pensei que ele não conseguiria falar mais alguma coisa ridícula, ele conseguiu me surpreender.

Eu não acreditava no que estava escutando. Por que os homens tinham que ser tão convencidos? Realmente não dava para pensar que ela estava naquele local com outras intenções? A mente dos homens era assim tão pequena?

Ele não percebeu o quão ridículo estava sendo, caso contrário ele teria continuado de boca bem fechada.

- Eu nem te conheço, garoto. - Disse por fim, me levantando e pegando minha mochila, que continha, novamente, todo o equipamento que precisaria para treinar aquele dia.

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