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Travel

- Alice Escobar -

Eu estava atrasada para pegar um vôo. O tal vôo estava marcado para às 09:30, já era 09:34. Eu não estava tão preocupada com perder o vôo, porque era um vôo particular e eles não iriam sair do chão antes que todos os titulares chegassem. Minha maior preocupação era ficarem enchendo meu saco por conta da demora, por isso me apressei em atravessar aquele aeroporto e tentei não ser reconhecida. A mídia seria meu pior castigo nesse momento.

Assim que cheguei perto da aeronave, Adrian, que estava na porta do jato, me lançou um olhar repreendedor. Soltei um sorriso amarelo, com muita vergonha. Ele sacudiu a cabeça e entrou no avião.

Deixei minha mala com o despachante e subi as escadas.

Percebi que eu havia sido a última a chegar, porque fecharam a porta.

Passei pelo corredor e vi Neymar no quinquagésimo sono. Continuei andando e, por pura sorte, achei dois assentos vazios, teria um bom espaço para dormir. Me sentei na janela e deixei minha mochila no assento ao lado.

Os avisos padrões do avião começaram a ecoar por todos os alto falantes da aeronave.

Peguei meu fone na mochila e conectei no celular. Comecei a procurar por uma playlist agradável e, quando achei uma do meu interesse, apenas encostei minha cabeça no banco e fechei os olhos. Seria uma hora de relaxar depois de todo esse estresse das últimas semanas.

Mas é como dizem, alegria de pobre dura pouco.

Senti uma presença ao meu lado. Me dei ao trabalho de virar o rosto para descobrir quem era o iluminado que tinha ido atrapalhar minha paz.

Não era possível.

Não posso acreditar. Não posso acreditar que ele está aqui. Ele está sempre aqui, arruinando a minha vida.

Ele não me daria paz nem aqui?

- Olha só, a margarida resolveu aparecer. - Gavira disse, colocando a minha mochila no chão. - Achei que você só se atrasasse quando o Neymar fosse o motorista, mas ele chegou muito antes de você. Qual o motivo do atraso?

O ignorei. Peguei minha mochila do chão e me levantei. Tentei passar por ele, mas o jogador de futebol me interceptou.

- Onde você está indo?

- Para longe de você. - Respondi simples.

- Para onde você acha que vai? Todos os outros assentos estão ocupados, todos estão com raiva de você por ter atrasado a saída do avião, então ninguém vai querer trocar de lugar com você.

- Mas o Neymar vai.

- Ele está quase babando. - Não era mentira. - Vai mesmo acordar o cara por conta de um capricho seu?

A contragosto, deixei minha mochila no chão e voltei a me sentar. O que aquele idiota estava falando fazia sentido.

- Ficar ao meu lado nessa viagem de quase quatro horas é tão horrível assim?

- Eu vou encontrar a minha família se ficar mais de 5 minutos ao seu lado. - Respondi, aumentando o volume da música e assistindo o avião começar a percorrer aquela pista enorme do aeroporto.

Ignorei todas as tentativas de contato do garoto ao meu lado. Eu ainda guardava rancor da nossa briga de sexta-feira.

Não sei quanto tempo de vôo havia passado quando eu cochilei, mas acordei com um chacoalhão de Gavi.

Em CampoOnde histórias criam vida. Descubra agora