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Trouble

- Pablo Gavira -

Estávamos praticando a semana toda.

Estava tão exausto que nem conseguia mais ficar em pé, mas fiz mais progresso do que poderia ter esperado. Alice já não estava trabalhando diretamente comigo, e Xavi estava supervisionando minha evolução, mas todos os outros passavam o tempo treinando futebol.

Ferran e Pedri pareciam estar com o humor melhor a cada dia - pareciam mais saudáveis, mais animados.

Escobar nunca mais apareceu por aqui durante o dia.

De vez em quando, olhava para escadas, esperando secretamente que ela aparecesse no topo. Às vezes, ela passava aqui rapidamente - esperava poucos minutos por Neymar e eles iam juntos -, mas, na maior parte do tempo, não estava.

Eu só a via de verdade pelas manhãs para seus exercícios matinais na pista de corrida perto do apartamento e nos fins de tarde, quando ele fazia outra rodada de exercícios aeróbicos perto do prédio.

Pedri puxou meu braço.

- Ai…

Eu me afastei depressa, fazendo careta.

- Qual é o seu problema?

- Você recebeu uma dose extraforte de estupidez hoje. - Não foi uma pergunta.

- O quê? Pensei que você tivesse dito que eu estava me saindo bem...

- Você está. Mas está distraído. Você fica olhando para as escadas como se elas estivessem prestes a lhe conceder três desejos.

- Ah. - Eu disse. - Bem. Desculpe.

- Não peça desculpas. - Ele suspirou. Franziu um pouco as sobrancelhas. - Que diabos está acontecendo entre vocês dois, afinal? E eu vou querer saber?

Eu suspirei. Relaxei sobre o gramado.

- Não faço ideia, Pedri. Ela fica mudando de comportamento. -
Encolhi os ombros, sabendo da minha parcela de culpa. - Acho que não tem problema. Eu só preciso de um pouco de espaço por enquanto.

- Mas você ainda gosta dela?

Pedri levantou uma sobrancelha.

Eu não falei nada. Senti meu rosto ficar quente.

Pedri revirou os olhos.

- Sabe, eu realmente nunca acharia que a Escobar poderia fazê-lo feliz.

- Eu pareço feliz? - Retruquei.

- Bom argumento.

Ele suspirou.

- Só quis dizer que você sempre pareceu muito feliz com a Isa. Isso é um pouco difícil para eu processar.

Ele hesitou. Esfregou a testa.

- Bem. Na verdade, você era muito, muito mais esquisito quando estava com a Isa. Super-reclamão. E muito dramático. E você chorava. O. Tempo. Todo. - Ele contorceu o rosto. - Meu Deus. Não consigo decidir qual delas é pior.

- Você acha que eu sou dramático? - Perguntei a ele, os olhos arregalados. - Você se conhece pelo menos um pouquinho?

- Eu não sou dramático, ok? Minha presença apenas exige um certo tipo de atenção...

Eu bufei.

- A Alice não me seduziu, Pedri. Ela não me roubou da Isa. Eu só... Eu cheguei a um ponto em que tudo mudou para mim. Tudo o que eu achava que sabia sobre a Alice estava errado. Tudo em que eu achava que acreditava a respeito de mim mesmo estava errado. E eu sabia que eu estava mudando. - Expliquei a ele. Só não mudei para o jeito que ela queria.
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