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Let her go

- Pablo Gavira-

Arrependimento é a coisa mais dolorosa da vida. Sou obrigado concordar mais uma vez, Freitas.

Minhas mãos estavam roxas como violetas. Idiota socando paredes, me amaldiçoei enquanto falava sozinho.

E talvez fosse o ego balançando, talvez fosse ela. Flashes dos últimos meses voltaram para mim em um borrão.

Eu ia contar para ela que fugi de encontros nossos algumas noites porque estava fazendo aulas de direção. Queria fazer uma surpresa. Ia contar que terminei as aulas teóricas, que passei na prova teórica e estava prestes a começar as aulas práticas. Mas então...

Então ela terminou comigo.

E eu não podia dizer que ela estava errada sem mentir.

Este é o fim, este é o fim. Este é o meu fim.

Fingindo que estou disponível emocionalmente.

Pode ser a minha morte. Não estou pronto, ainda não.

Talvez eu seja o melhor erro que você já teve, minha querida.

Você fica tão linda quando diz meu nome.

Estava orando a um Deus, um Deus que não acreditava.

Talvez eu seja o pior, o pior que você já teve.

Digo que você é linda, em seguida te apunhalo pelas costas.

Caminhei até a porta com uma intenção muito clara. Parei antes da metade do caminho. Minha sanidade me impediu de prosseguir.

Sim, não tente tente ir atrás. Não perturbe, ela não quer te ver.

Eu sou apenas um tolo, preso no passado.

Sou uma de suas piores memórias.

Eu não estou pronto para você me esquecer.

- O que aconteceu com você, cara? - O sussurro de Pedri me tirou de meus devaneios. - Para onde você foi?

Percebi que estava sentado no chão da sala, minhas costas apoiadas no sofá.

- Para o inferno. - Disse a ele. - Finalmente encontrei o inferno.

- Isso é bom. - Falou, caminhando em minha direção.

- O quê?

- O cérebro é uma coisa maravilhosa, todos deveriam ter um. - Ele anunciou, sentando-se ao meu lado.

- Do que você está falando? - Perguntei, tentando raciocinar.

- Acabei de sair do apartamento da sua ex.

Oh... É hoje que eu volto a ter olho roxo.

- E antes que você diga algo, não, não estou falando da Isabel.

Soltei um suspiro.

- Doeu? - Virei minha cabeça para encará-lo. - Ter alguém que você ama enfiando uma estaca no seu coração?

- Vai para o inferno, Pedri. - Murmurei, tentando fugir daquele assunto.

- Diga se doeu. - Ele insistiu.

Virei meu rosto para frente, não tendo coragem de encarar meu melhor amigo.

- Sim. - Admiti.

- Bem-vindo a vida da Alice.

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