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It's time

- Alice Escobar -

Eu estava dirigindo em direção ao estúdio de gravação. Também estava preocupada com os roteiros, que deveriam ter sido entregues na noite anterior e eu não havia recebido. Ah, e com Gavi, que estava no banco do passageiro.

A única conversa que havíamos tido depois de tudo o que aconteceu nas escadas, foi sobre a carona que eu daria até o estúdio, já que nós faríamos entrevistas no mesmo dia e no mesmo horário. Faríamos uma entrevista juntos.

Estava tudo bem quieto dentro daquele carro.

Assim que estacionei, ele disse:

- Você disse que se sente atraída por mim, mas eu não quero que apenas sinta atração por mim. Sei que não quer nenhum tipo de vínculo, mas preciso te pedir uma coisa. - Nós nos encarávamos. Eu estava com medo do que ele iria pedir. - No futuro... se por algum milagre você achar que é capaz de se apaixonar de novo... se apaixone por mim. - Ele soltou o cinto de segurança. - Você ainda é minha pessoa preferida, Alice. E sempre será. - E saiu do carro.

Fiquei paralisada, assistindo o mais novo caminhar em direção a entrada do local.

Tenho medo de que se eu me permitir ser feliz por apenas um segundo, o mundo vai paralisar, e não acho que sou capaz de suportar mais nada.

- Assim, do nada? - Perguntei a mim mesma, ainda tentando assimilar o que havia acabado de escutar. - Pensei que estivéssemos brigados.

E era para ele estar com raiva de mim, era para ele não querer olhar na minha cara, era para ele começar a me odiar e sair da minha vida para não se machucar mais.

Quando consegui fazer com que meu corpo voltasse a funcionar, desci do carro e o tranquei. Depois comecei a caminhar em direção a entrada.

Fui até um dos funcionários com papéis, que eu imaginei serem os roteiros, e pedi pelo meu.

Foi quando eu descobri que não haveria roteiro.

Céus, que raios de campanha não tem roteiro?

Me deram outro conjunto de roupa pra usar. Uma calça jeans, um cropped branco e uma camisa azul. Não é o tipo de roupa que eu teria como primeira opção, mas o suficiente para que eu pudesse esconder minhas cicatrizes e, mesmo com um cropped, conseguiria tapar a região do abdômen.

Peguei o figurino e fui em direção ao vestiário.

Vesti a calça, coloquei meu tênis branco, depois o cropped também branco e a camisa. Abotoei a camisa até um pouco acima do busto e deixei o excesso dentro da calça, depois puxei um pouco apenas para não ficar muito justa. Fiquei satisfeita com o resultado, mesmo tendo preferência por cores escuras.

Quando sai do vestiário, Gavi estava escorado em uma parede, mexendo no celular, e com roupas extremamente parecidas com as que eu usava. Uma camisa de mesma cor e um calça jeans do mesmo tom.

Céus, eles são inacreditáveis.

Gavira sentiu minha presença e guardou o celular em seu bolso, logo analisou meu outift e começou a rir.

Revirei meus olhos.

- Vamos, precisamos colocar os microfones. - Disse, ignorando sua risada.

- Você que manda.

Das últimas vezes que gravei entrevistas, os microfones foram colocados minutos antes de entrarmos no ar, por isso eu tinha noção de que não faltava muito para que eu subisse ao palco.

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