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Psychological

- Alice Escobar -

Eu estive sem dormir à noite, porque eu não sabia como me sentia. Eu estava esperando por ele, só para dizer algo verdadeiro.

Havia uma luz no quarto. A manhã tinha chegado e eu tinha que levantar.

Mas, indo contra tudo o que eu precisava fazer, eu continuei lá, deitada no meio da minha cama e encarando o teto.

Eu achei que tivesse sido machucada antes, mas ninguém nunca me deixou tão ferida. Aquelas palavras cortaram mais fundo do que uma faca.

Tive a sensação de que estava afundando, mas eu sabia que conseguiria sair viva se eu parasse de chama-lo de meu amor e seguisse em frente.

Ele me seduziu, eu não conseguia sentir a dor. Seu coração amargo e frio ao toque...

Agora vou colher o que eu plantei. Estou sozinha com a minha raiva.

Tenho que tirar você da minha cabeça ou vou acabar sucumbindo.

Eu estive aqui muitas vezes, tive meu coração partido. Estou desistindo de tudo o que construímos.

É difícil de parar, difícil de parar quando você começa a gostar da ideia de seguir em frente e aceitar a verdade. Eu perdi minha fé nele, perdi minha dedicação em manter aquele relacionamento sem futuro.

Eu queria mais. Eu queria fogos de artifício e trovões no calor de uma noite de verão. Eu queria tudo isso. Queria incendiar a cidade como um sentimento que nunca morre.

Estamos desaparecendo lentamente, e me quebra admitir isso. Eu me culpo toda vez, eu não sou o que você queria.

Podemos voltar para quando você me amava?

Eu estive aqui muitas vezes, tive meu coração partido. Estou pedindo demais?

A luz que invadiu o cômodo horas antes havia sumido quando a porta foi aberta. Ignorei o instinto de olhar para quem quer que estivesse atrapalhando meu momento de não fazer absolutamente nada, nada além de pensar na minha própria desgraça.

Alguns passos. Ele estava dando uma volta na cama. Então um som de vidro quebrado ecoou pelo quarto.

Ele havia pisado em um pedaço de vidro.

- O que aconteceu aqui, meu amor? - Ele perguntou. - Por que você quebrou um dos gatos da coleção? Esse era o meu favorito... - Murmurou a última frase. - Algumas coisas não tem concerto...

- É por isso que não diz que me ama? Por que eu não tenho concerto? - Murmurei apenas para mim.

- O quê?

- Você quebrou. - Respondi.

- Não, eu não quebrei, meu amor. Você quebrou.

- Você apareceu aqui bêbado ontem, então teve outro surto de raiva e quebrou o menor dos gatos da coleção. Dessa vez foi só isso.

- Ah, eu estava bêbado, é uma boa justificativa.

- Não, Pablo, não é nem ao menos uma justificativa.

Ele estava parado naquele ponto do quarto, enquanto eu continuava encarando o teto.

- Por que não seria? Eu estava bêbado, estava fora de mim. Saí para esquecer dos problemas. - Um suspiro. - O único problema que teríamos seria se você tivesse se machucado.

- E eu me machuquei.

Não sei dizer qual foi a expressão que tomou conta de seu rosto, apenas sei que, mesmo com os cacos no chão, ele correu até mim. Uma mão em um de meus braços, outra acariciando meu cabelo.

Em CampoOnde histórias criam vida. Descubra agora