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A way out

- Alice Escobar -

Eu estava tão brava com Gavi por ter me feito abrir aquelas feridas e estava irritava comigo mesma por ter dito a verdade.

Eu desejava, do fundo a minha alma, poder descontar minha frustração na comida, mas eu sabia que era burrice. Não tínhamos comida o suficiente para que eu me desse esse luxo.

A pior parte era que eu ainda teria que ficar presa com ele por alguns dias.

O CT do Barcelona era um prédio enorme e lindo que agora havia se tornado minha prisão.

Estava sentada na cadeira da diretoria, me amaldiçoando mentalmente pela burrada que havia feito, quando a porta se abriu. Levanto meu olhar para a pessoa que estava lá, na esperança de não ser um tal jogador.

Me frustrei.

- Posso entrar? - Ele questionou.

- Você já entrou. - Disse e vi o garoto dar de ombros, fechar a porta e caminhar em minha direção.

Quando achei que ele fosse sentar-se em uma das duas cadeiras do outro lado da escrivaninha, ele foi em uma das paredes e pareceu procurar por algo.

- O que você está fazendo? - Perguntei.

- Tenho um plano. Descobri como podemos sair daqui. - Ele conseguiu captar toda a minha atenção, meus olhos chegaram a brilhar.

- Não vai me contar?

- Ah, agora quer conversar?

Idiota!

Revirei meus olhos e continuei observando o garoto. Notei quando ele suspirou frustrado e saiu do cômodo. O segui, tentando decifrar seu plano e acompanhá-lo em tempo real.

Percebi que estávamos caminhando em direção a cozinha.

Entendi seu plano assim que chegamos perto da entrada da cozinha. Do lado de fora da cozinha, na parede, estava um botão vermelho. Ouvi um suspiro de alívio. Mas, quando vi Pablo se aproximar do tal botão, o jogador foi bruscamente puxado para trás pelo quadril.

- O que está fazendo? - Eu perguntei, mesmo sabendo exatamente o que ele estava fazendo.

Ele virou para me encarar.

- Salvando a gente. Os bombeiros vão perceber que tem alguém aqui e vão salvar a gente.

Me coloquei entre ele e o botão de alarme.

- Depois de quebrarem a porta a machadadas. - Não fui capaz de pensar em nenhuma desculpa plausível para impedi-lo. - Não consegue mesmo ficar mais dois dias aqui? É tão ruim assim?

Pensei na crise pela qual eu tinha passado uma semana atrás, em como meu coração parecia querer saltar do peito. Eu não queria passar por outra crise dessa.

- Sim. É. Quero ir para casa. - Ele respondeu. - Tem uma janela ao lado da porta da frente. Vou ficar lá e avisar os bombeiros que não tem fogo, só pessoas presas. Eles não vão quebrar nada. Vão pegar uma chave, alguma coisa assim. - Percebi que ele não sabia se isso era verdade. Talvez alguém tentasse entrar pelos fundos ou por alguma janela. - Sai.

- Não faz isso. Por mim.

- Acha que porque jogamos baralho agora somos amigos?

Eu ri.

- Eu sou uma babaca. Nós dois sabemos disso, mas você não é. Não aperte esse botão.

- Por quê? Qual é o problema? O que está escondendo?

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