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Hair cut

- Pablo Gavira -

Estava apreciando a pintura que Alice havia feito sobre mim.

Fiquei imediatamente assustado com o barulho de uma porta se abrindo bruscamente.

- Gavi, temos um sério problema.

Pedri me encarou, olhos estreitados, mãos na cintura, camiseta justa no peito. Aquele era o Pedri furioso. O Pedri preocupado. Já haviam se passado 16 dias desde que Neymar contou que estava fora da seleção, desde que Alice se demitiu da seleção de vôlei, e tudo esteve em silêncio. Em um silêncio enervante. Todos os dias, acordei aguardando os ataques inevitáveis da mídia contra nós. E agora parece que esse momento finalmente chegou. Então respirei fundo, estralei o pescoço e olhei nos olhos de Pedri.

- Fale.

Ele apertou os lábios. Olhou para o teto.

- Então… Certo… A primeira coisa que precisa saber é que o que aconteceu não foi culpa minha, entendeu? Eu só estava tentando ajudar.

Hesitei. Franzi o cenho.

- O quê? O que você está querendo dizer, Pedri?

- Quer dizer, eu sabia que aquela idiota era extremamente dramática, mas o que aconteceu ultrapassou o nível do ridículo…

- Desculpa, mas… o quê? - Afastei-me da pintura. Fiquei de pé. - González, do que você está falando? Não é da mídia?

- Mídia? O quê?! Gavi, você não está prestando atenção? Sua namorada está tendo um acesso de raiva absurdo agora e você precisa acalmar aquela bundona antes que eu mesmo faça isso.

Irritado, soltei o ar em meus pulmões.

- Você está falando sério? Outra vez esta bobagem? Pelo amor de Deus, Pedri! - Soltei os braços ao lado do corpo. - O que foi que você fez desta vez?

- Está vendo? - Ele apontou para mim. - Está vendo? Por que você se apressa tanto em julgar, hein, Gavi? Por que parte do pressuposto de que fui eu quem fez algo errado? Por que eu? - Cruzou os braços na altura do peito, baixou a voz e continuou: - E, sabe, para dizer a verdade, já faz algum tempo que quero conversar com você, porque tenho a sensação de que, com o namoro com aquela…

De repente, Pedri ficou paralisado.

Ao ouvir o ranger da porta, arqueou as sobrancelhas; um leve clique e seus olhos se arregalam; um farfalhar abafado indicando movimento e, de um segundo para o outro, uma bola atingiu a parte de trás de sua cabeça. Pedri me encarou. De seus lábios não saiu nenhum som enquanto ele articulou a palavra psicopata repetidas vezes.

De onde estava, a psicopata em questão piscou um olho para mim, sorrindo como se não estivesse pronta para jogar outra bola contra a cabeça de um amigo em comum. Consegui disfarçar a risada.

- Continue. - Alice ordenou, ainda sorrindo. - Por favor, conte o que exatamente ele fez na posição de meu namorado para decepcioná-lo.

- Ei… - Pedri ergueu os braços para fingir que estava se rendendo. - Eu nunca disse que ele me decepcionou em nada, está bem? E você claramente exagera em suas reações…

Alice bateu a mão na lateral da cabeça de Pedri.

- Idiota.

Pedri deu meia-volta. Puxou a bola da mão de Alice.

- Qual é o seu problema, cara? Pensei que estivéssemos bem.

- Estávamos. - Alice retrucou friamente. - Até você encostar no meu cabelo.

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