Em Campo

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I found

- Alice Escobar -

- Oh, eu estou obcecada com o jeito que sua cabeça está repousada em meu peito. Como você ama as coisas que odeio em mim mesma e ninguém sabe, mas com você, eu vejo esperança novamente. - Disse para mim mesma.

Havíamos chegado em Paris algumas horas antes. Gavi estava muito cansado para passear pela cidade do amor, então pediu para ficarmos no quarto assistindo um filme. Ele dormiu nos primeiros dez minutos.

- Oh, eu sou uma bagunça. Quando penso demais nas pequenas coisas na minha cabeça, você parece sempre me ajudar a recuperar o fôlego, mas então eu o perco de novo quando olho para você, é o fim... - Ri, percebendo o quão ridícula estava sendo, porém continuei. - E por que fico tão nervosa quando olho em seus olhos? As borboletas não podem me impedir de me apaixonar por você, me apaixonar mais a cada dia...

Me apaixonei mais a cada dia que passei ao seu lado.

- E querido, isso é mais do que qualquer coisa que eu senti antes. Você é tudo que eu quero, mas eu não pensei que encontraria alguém que vale a pena a espera de todos os anos do meu coração partido. Mas agora eu sei que encontrei a pessoa que eu amo.

É, eu te amo, Pablo Gavira.

Você me fez seguir em frente depois de tanto tempo.

- E eu amo o jeito... - Ele disse, sua voz rouca. - Que você nunca consegue encontrar as coisas certas para dizer.

Céus, não acredito que ele estava acordado.

- E como você não pode parar quieta por uma hora no dia. Estou tão apaixonado...

- Vai dormir, Pablo.

Gavi ainda estava com a cabeça em meu peito e os olhos fechados. Ele sorriu quando eu disse seu primeiro nome, depois abraçou minha cintura e continuou com a cabeça apoiada no mesmo local que antes.

Eu encontrei amor onde ele não deveria estar.
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Céus, eu namoro um ser humano ou um urso pardo?

- Vamos, temos que sair antes que o Xavi venha te chamar para aquele café horripilante. - Tentei puxá-lo para fora da cama outra vez.

- Eu quero dormir. - Ele murmurou, se levantando da cama.

- Você vai ter muito tempo para dormir, mas não muito para conseguir escapar do Xavi. - Falei, vendo ele sentando na beira da cama. - Ouvi dizerem que a melhor comida do café de hoje é um biscoito de arroz integral.

- Quê? - Ele levantou no mesmo instante. - Aquele negócio é uma abominação da indústria alimentícia! Deveria ser crime comercializar aquilo!

Ele reclamou enquanto caminhava em direção ao banheiro.

Eu ri.

Objetivo concluído com sucesso.

E em menos de uma hora nós já estávamos caminhando pelas ruas de Paris.

- Meu programa de TV favorito se passa aqui... - Disse, adimirando cada detalhe da cidade.

Já havia visitado a capital algumas vezes, mas nunca iria me cansar daquela cidade.

- Barbie, né? Eu conheço o filme de Paris, aquele de moda. Se bem que com a Barbie sempre tem moda...

- Ladybug. - Disse.

Gavira parou onde estava e me encarou.

- Depois eu que sou a criança, inacreditável!

Continuamos nos encarando, logo caímos na risada e voltamos a caminhar.

- Para onde está me levando, senhorita Escobar?

- Para a Boulangerie du Moulin de la Galette. - Respondi com entusiasmo.

- Você já foi lá várias vezes, não é?

- Na verdade não, é a primeira.

- Indicação do Neymar?

- Não. É a padaria da Marinette, a protagonista de Miraculous. Descobri recentemente que esse lugar existe na vida real.

- Céus, onde é que eu fui me meter?

- Vamos, estamos quase chegando. - Puxei sua mão, como uma criança faz quando quer mostrar algo a mãe.

O cheiro da padaria tomou conta do meu corpo inteiro, a sensação de estar na casa da Marinette foi incrível.

Entrei na fila e pedi um de cada item no balcão. Eles ainda estavam quentinhos.

Pegamos uma mesa, mesmo que tivéssemos que pagar para podermos comer sentados. Nessas horas eu tinha mais saudades do Brasil do que o normal.

- Eu te amo!

- Está fala do isso para mim ou para o macarron?

- Você quer que eu minta?

- Quero.

Fiquei surpresa com a sua resposta. Imaginei que ele apenas ignoraria minha pergunta retórica ou faria algum falso drama, mas estava enganada.

- É você que eu amo. - Disse a ele. - Passei boa parte da minha vida guardando meu coração. Eu o guardei tão bem que me comportei como se não tivesse um. Mesmo agora, é uma coisa surrada, devorada por verme e escabrosa. Mas é seu.

Gavi não disse nada, não reagiu a minha declaração, apenas fitou meus olhos. Parecia que ele estava vendo a paisagem mais bonita de toda a sua vida, ele parecia hipnotizado.

- O que foi? - Perguntei, trazendo-o de volta do mundo da Lua.

- Minha vó uma vez disse para eu me apaixonar pelos olhos de alguém. "O cabelo vai ficar grisalho, o peso vai mudar, os dentes vão cair, e todos encolhemos a medida que envelhecermos. Mas os olhos, os olhos de uma pessoa não envelhecem com eles". Eu juro que você tem os olhos mais lindos que eu já vi.

Amor...

Me perguntei se amor seria uma palavra muito fraca para o que ele sentia, o que tinha feito por mim. Pelo que eu sentia por ele.

Fiquei alguns segundos o mirando, pensando no que poderia responder. Então um flash foi disparado.

Quem usa flash de manhã?

Nós nos levantamos e fomos para o lado de fora antes que uma multidão viesse até nós. Como havíamos saído sem permissão, não havia um único segurança conosco, o que era bom e ruim ao mesmo tempo. No mesmo instante que tínhamos mais privacidade, também não tínhamos.

- Meus doces não duraram nem uma hora. - Fiz bico.

- Algumas coisas duram.

Encarei-o.

- É mesmo? E exatamente que coisas seriam essas?

- As coisas que importam.

Sorri e revirei os olhos.

- Vamos, se não o que vai durar vai ser a sessão de fotos que vamos ter que participar.

- Você quem manda, Escobar.

Se Xavi não sentiu nossa falta, ele sentirá quando aquela foto for postada.

Antes que chegassemos ao quarteirão do hotel, meu celular tocou.

Era o Neymar.

- Choquei já postou e o Xavi já viu.

Não posso acreditar. Não posso acreditar que ela já postou. Ela está sempre aqui, arruinando a minha vida.

Amaldiçoei a Choquei até a sua sétima geração.