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Blood

- Pablo Gavira -

Tinha sangue para todos os lados. Sangue na parede do banheiro, sangue na pia, sangue no armário da pia, sangue no chão do banheiro e no de toda a casa.

Conforme os paramédicos andavam pelo apartamento, o sangue ia se espalhando.

Neymar foi na ambulância com Alice e eu fiquei na casa. Prometi que iria limpar tudo. Não tem como a garota sair do hospital e ainda precisar limpar sangue seco da casa.

Depois que o apartamento ficou vazio, eu percebi que não tinha ideia do que fazer.

- Está tudo bem? - Foi a primeira coisa que escutei quando a chamada foi atendida.

- Mais ou menos. - Respondi. - Pode me fazer um favor?

- Do que você precisa?

- Consegue passar na minha casa, trazer uns produtos de limpeza para o endereço que eu vou te mandar e me ajudar? Eu não posso sair desse apartamento, não tenho chave e a tranca é automática.

- O que nós vamos limpar? - Sua voz era calma, ela não fazia ideia de onde estava se metendo.

- Sangue. - Respondi. - E, Aurora, tem como você me trazer um livro?
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Quando a limpeza foi concluída, passei no meu apartamento para tomar um banho e trocar de roupa, porque se não teria muita coisa para explicar para a mídia. Logo que fiquei pronto, corri até meu carro e fui para o hospital em que Alice estava.

Assim que cheguei na porta da sala de espera, avistei Neymar conversando com o médico. A expressão do jogador não era nada boa.

Engoli em seco antes de me aproximar cautelosamente.

Consegui escutar claramente parte da conversa.

- Estou disposto. - A convicção era nítida em sua voz.

- Teremos que fazer os testes para ver se o senhor está apto a doar. - Disse o médico. - Mas... A garota perdeu muito sangue.

- Tudo bem, pegue o que precisar. - Neymar disse.

- O senhor não está me entendendo. - O doutor empurrou seu óculos para trás. - Precisamos de uma quantidade maior do que o senhor pode doar. Precisamos encontrar outro doador tipo O negativo.

Respirei fundo antes de me intrometer na conversa.

- Eu sou tipo O-.

Os olhos de Neymar brilharam. Fiquei surpreso por não ver fogos de artifício em seus olhos.

- Então vamos aos testes de aptidão. - O médico chamou nossa atenção. - Me acompanhem, por favor.
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- Neymar Jr -

- Ela já fez isso antes. - Anunciei, quebrando o silêncio. Percebi a confusão estampada em seu rosto, então adicionei: - Ela já tentou se matar uma vez.

Gavira ficou pálido com a informação que lhe foi dada. Quem imaginaria que uma jogadora de vôlei renomada fosse suicida?

- Por que você me salvou? - Ela questionou.

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