Capítulo III

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Akemi decidiu que passaria o dia fora. Avisando a líder do grupo onde poderia a encontrar, se locomoveu toda a distância do clube até o centro de Shibuya em uma corrida que durou em torno de dez minutos.


O primeiro lugar que a mulher invadiu foi uma loja de roupas em busca de alguma peça mais confortável do que a que foi disponibilizada. Não somente isso, mas precisava de roupas de frio e peças discretas que não marcassem tanto seu busto farto.


A bolsa em suas costas estava completamente vazia para que pudesse levar mais peças e mantimentos para o abrigo. Passando na cessão de esportes da grande loja, viu um short de academia que julgava ser um tiro no escuro: confortável, mas além de marcar seu quadril de uma forma sexy, daria ainda mais volume para a região.


Pegando a peça, dobrou bem antes de colocar dentro da bolsa indo para a próxima roupa que lhe chamou atenção estudando bem se deveria a levar ou não: quanto mais levasse, menos espaço teria para pegar outros suprimentos como comida e remédio. Enquanto andava, encontrou uma saia que fez seus olhos vibrarem, indo até o tornozelo, possuía uma estampa xadrez em tons terrosos que a obrigou vestir naquele instante.


 ♠ — ♠


Quando Akemi estava prestes a voltar para o esconderijo ela passou próxima a uma loja de esportes. Não sabia sobre aquela loja, talvez por não fazer parte de sua rota diária, ou pela falta de interesse em práticas de esportes que não fossem a de seu costume? Ela não sabia qual era a melhor resposta, no entanto, com curiosidade, entrou no lugar.


Uma das primeiras coisas que saltaram sobre seus olhos além das roupas de ginastica ao qual, algumas peças pegas anteriormente foram substituídas — tops que não sustentariam de forma correta seus fartos seios por aqueles de melhor qualidade e uma ou duas calças de ginastica — alguns canivetes com diferentes modelos de abertura e funções, cordas e tantas outras coisas que Akemi poderia se perder.


Ela então procurou uma que pudesse esconder facilmente, mas que a lâmina não deixasse nunca a desejar. Quando encontrou uma que sua base fosse fixar entre seus dedos e testando contra o metal mais próximo, assoviou com os resultados que sua lâmina criou na superfície fria.


— Certo, esse vai ser um brinquedinho bem interessante — Sorrindo, procurou em meio aos equipamentos algum cinto que pudesse carregar o canivete. Ao achar, fixou bem na perna o colocando — Eu acho que é só... Isso são luvas de escalada?


Puxando rapidamente do pequeno suporte onde estavam, abriu as pressas vestindo a luva com uma grossa camada protetora de tecido nas mãos as abrindo e fechando várias vezes. Era confortável, a cor preta tinha um pequeno detalhe em vermelho nas juntas das articulações deixando os dedos a mostra.


Akemi não queria retirar suas luvas, mas com o sol se pondo e sabendo que participaria junto dos demais membros da Mariposa dos jogos que teria, não era bom mostrar sua melhor carta na noite que definiria sua escapada daquele lugar.


A mulher sabia que se manter em um grupo era um tiro no pé, certeiro, mortal, não dava pra confiar de forma alguma. O plano era simples, mas levou alguns dias: pouco a pouco escondeu em um lugar mais afastado do clube uma quantia significativa de comida e remédio, claro, pequenas porções não levantariam suspeitas.


Sua bolsa era sua última cartada, tudo dentro dela seria colocado no mesmo esconderijo de fuga. Durante o jogo ela deveria ser uma das únicas sobreviventes — se não a única — da divisão que as mariposas faziam para os jogos e fugir o quanto antes.


Ela sumiria por dois ou mais dias de perto do clube e quando notasse que a poeira abaixou, ir para o esconderijo recolher tudo e finalmente se livrar daquela ruína.


— Essa noite... — Falava enquanto suspirava, ansiedade e medo a atingindo — É tudo ou nada.


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"O jogo vai começar" A voz robótica anunciou fazendo Akemi ter de controlar seus batimentos cardíacos desenfreados em um nervosismo mortal. Ela estava em uma grande arena, até um pouco semelhante a um estádio de futebol.


Existiam tantos jogadores ali presentes, alguns parecia tratar de seu primeiro jogo e Akami até poderia sentir simpatia por eles, mas isso não os faria sobreviver e muito menos ela.


— Eu preciso sobreviver pelo meu irmão — Ela sussurrava fechando os olhos enquanto colocava em suas mãos as luvas escondidas na blusa de frio que estava usando para passar despercebida de sua equipe — A quantidade de participantes é grande... Talvez seja um jogo de resistência...


Aquecendo seus músculos para o que viesse, deixou sua blusa de frio escorregar pelos braços caindo no chão. Aquela peça somente a atrapalharia e já havia cumprido sua missão enquanto ela ajeitava a tira do sinto em sua perna pondo o canivete ali.


— Que eu saiba era proibido a entrada de armas sem que eu ficasse sabendo — Fantasma falou se aproximando de Akemi. A mais nova já estava preparada para qualquer coisa e a forma como a mais velha agia não a iria intimidar — Isso é algum tipo de desobediência?


— Fantasma, eu estou saindo do grupo — Akemi falou sem a encarar e quando escutou o som da arma sendo destravada, foi rápida o suficiente para afastar o cano metálico e mortal antes de um tiro ser dado — Eu peço perdão, mas não estou disposta a morrer agora.


"Dificuldade: sete de espadas"


"jogo: Morte fervente"


"Regras: escapar antes que o estádio desmorone completamente"


A voz anunciou enquanto ambas as mulheres se encaravam. Fantasma parecia não querer deixar Akemi sair dali viva de forma alguma, seja pela mulher saber onde estava o seu grupo ou por um assunto pessoal que a dançarina não tinha conhecimento.


O chão começou a vibrar como se algo quente estivesse o consumindo aos poucos. Olhando para todos os lados, Akemi não esperou mais nenhum segundo para começar a sair correndo sendo acompanhada dos demais participantes que tentavam fugir das explosões de água quente em suas costas. 

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora