Capítulo XXVII

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Akemi sentia seu corpo dormente, um chiado nos ouvidos enquanto todos os sons tão distantes não eram decentemente processados. Seus olhos eram vagos e pouco captava algo que não fosse luz e cores desconexas, sua respiração tranquila deixava os membros ainda mais dormentes.


Seus olhos custavam para não derramar gotas, as lágrimas de raiva e medo, não por ela, mas pelos amigos que deveriam estar correndo riscos naquele instante. Lutando contra o sono, a dançarina obrigou seus membros a responder seus comandos, lentos, vacilantes, mas que aos poucos se faziam mais firmes e retomando um estado de consciência apropriada, se poderia chamar assim.


Akemi foi até a porta do banheiro a abrindo, viu seu canivete sobre a cama feita — Chishiya o pôs ali para facilitar quando a garota fosse fugir — suas mãos a envolveram com certa facilidade, mesmo os músculos prestes a ceder e se abrir involuntariamente.


Com cuidado, as vezes usando algum móvel para se apoiar, andou até a porta do quarto saindo. Naquele estado, o que a tornaria útil? Uma vez viu em matérias, até canais de documentário animal que os doentes, velhos e fracos para lutar viravam uma boa distração para a sobrevivência dos mais fortes. Akemi seria a distração em prol de um bem maior e talvez — e só talvez — ela conseguisse sair viva dessa emboscada.


— Seu irmão — Uma voz sussurrava em seu ouvido, era a sua consciência que a alertava — O que vai acontecer com ele se morrer? — Ela precisava pensar no garoto, mas também neles... Deu mais dois passos em frente e os pensamentos foram no pequeno garoto fraco que necessitava de sua presença.


— Me perdoe... —Akemi lutava contra as lágrimas seguindo em frente — Me perdoe irmão...


Virando mais uma curva do grande corredor, dois corpos masculinos se fizeram presentes na sua frente. O tamanho dos dois era um completo oposto, o alto e forte era um miliciano e ao seu lado estava o seu stalker a esperando com o pior dos sorrisos.


— Eu falei que ela viria — Sua voz era nojenta, embriagava e fazia sua garganta se encher com o gosto de bile — Devem ter dopado ela para virar uma isca mais fácil.


Akemi reagiu quando ambos se aproximaram, a mão segurando de maneira firme o seu canivete desferindo um golpe no ar que por pouco não acertou — mesmo que de maneira desajeitada — um dos homens. Não foi difícil a imobilizar e mesmo com todas as forças, tentando chutar e se soltar, foi levada lentamente até a porta aberta onde a confusão se instalava.


A dançarina não iria desistir, a mão ainda mantendo o canivete firme tentava o cravar no primeiro pedaço de carne que visse em sua frente. Akemi não passava de um animal ferido lutando contra um bando de predadores, ela não seria nada comparado a eles, mesmo que tentasse.


Ao passar pela porta seus olhos se fixaram nas silhuetas não muito distantes, Usagi sendo mantida agarrada por dois milicianos enquanto Niragi espancava Arisu que tentava a todo custo chegar perto de sua parceira.


— Arisu! — Usagi gritou se debatendo.


— Encontramos esse ratinho perambulando por aqui — A voz de um dos homens que a agarrava anunciou fazendo alguns olhos migrarem para eles. Akemi viu quando Chishiya a encarou, suas iris escuras arregalando involuntariamente com a cena, mas logo ele tomou controle de seu corpo — Ela deve ser alguma isca para fugirem.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora