Capítulo XXXIV

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O som era de um explosivo que anunciava o que seria o começo definitivo daquele jogo de copas. Akemi saiu de sua cela e andou enquanto se alongava, os músculos trabalhados marcando com os movimentos para tirar sua ansiedade.


A dançarina viu Ippei não muito longe, ele parecia um pouco afetado com a primeira morte, mas não parecia abandonar aquela bondade do peito enquanto os demais participantes iam até o centro ver na tela a foto do homem se apagar. Anunciar a próxima rodada deixou muitos em choque, não era, no entanto, estranho aquele nojento de estratégia burra ser o rei de copas.


— Pelo visto vão apenas atirar no escuro no lugar de ter uma abordagem diferente — Akemi parecia entediada enquanto falava, os olhos fundos de noites em claro. Depois de sonhar com a morte de Chishiya, dormir se tornou uma missão ainda mais difícil.


Sentir par de olhos sobre si não foi algo confortável, vasculhando de maneira rápida, viu Banda novamente a encarar daquela maneira lunática, vidrado, como se observasse sua presa favorita. Akemi devolveu o olhar, calma, mantinha o fluxo de ar entrando e saindo em uma contagem de cinco.


Se irritar num momento como aquele não era o ideal, ver os outros interagindo também era um tanto entediante, porém, necessário para sobreviver a tudo aquilo. A garota de vestido azul parecia estar armando algo, sussurrando para suas devotas marionetes amedrontadas enquanto encarava o pobre homem que havia enganado seu agressor o eliminando da jogada.


— Como se todos não fossem fazer o mesmo no lugar dele — Resmungou suspirando — Adultos hipócritas irritantes.


Saindo de seu pequeno ponto de descanso, caminhou até o grupo para se junta a ele afim de obter seu naipe naquela rodada. Ippei e Chishiya estavam encarando a todos mostrando que o loiro estava ensinando o inexperiente homem seu ponto de visão daquele mundo e como sobreviver a jogos de copas.


Estar no refeitório era ótimo, poderia usar a proximidade das mesas para bisbilhotar conversas alheias e uma desculpa perfeita para conseguir se aproximar de Shuntaro sem levantar suspeitas. Ao saber o seu naipe, Akemi sentou na cadeira deixando seu cotovelo sobre a mesa enquanto a mão apoiava sua cabeça.


Ela, no entanto, nada falou, apenas encarando de maneira tranquila todos não apenas sentados a mesa — Chishiya e Ippei — como o ninho de cobra que traia naquele momento o homem de blusa azul xadrez.


— Você é a Akemi, né? — Urumi disse quando se afastou do grupo encarando a jovem — Onde comprou essa lente?


— Lente? — A dançarina encarou a jovem com certa sonolência — Está falando do meu olho?


— Sim — O doce em seus lábios rodou antes dela a partir ao meio — Onde comprou e quanto pagou?


— Não comprei — Sorriu — Tenho heterocromia.


— Eu sei quando é lente — Sua fala fez Akemi suspirar ruidosamente, sem esconder a careta — Parece natural, é de alguma marca famosa?


— Candy magic — Disse a marca de sua lente para esconder a cor natural do olho direito, os lábios levemente cerrados vendo a luz radiante que surgiu no rosto de Urumi.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora