Dormir sempre foi um ato difícil, era sempre quando estava exausta demais, quando nem mesmo seu cérebro aguentava pensar que a mulher desmaiava em um sono profundo, seja por preocupações com despesas, seja cuidando de seu irmão, ela sequer se lembrava quando começou a ser assim.
Agora, os olhos pesados se focavam no teto escuro de um lugar qualquer, estava exausta depois daquele jogo e ter andado com tanta dor para algum canto seguro foi uma missão quase que impossível e diversas vezes pensou em desistir. Suas mãos estavam enfiadas em seu moletom, a direita sentindo o toque de papel, a carta que recebeu após aquele jogo, entre os dedos finos e gelados.
Sua perna doía mesmo após ter tomado remédio, parecia apenas ter deslocado com o ato, nada tão preocupante assim, mas de qualquer fato ela decidiu enfaixar e tomaria mais cuidado por um tempo com aquela perna até estar segura de ela estar totalmente recuperada.
— Espero que esse pesadelo acabe logo— Akemi tinha esperanças de que no momento que pegasse no sono, voltasse ao mundo real, ao lado de seu irmão e segura— Espero que ele esteja bem...
Suspirando, deixou seus olhos se fecharem e vagou entre lembranças, algumas de anos atrás, outras antes de tudo isso acontecer imaginando que talvez assim ela finalmente pegasse no sono.
Quando acordou seu corpo estava pesado, as barrinhas de cereal e salgadinhos não estavam mais sendo o suficiente para garantir sua saúde para um futuro jogo mortal. Akemi se levantou, tonta de exaustão e fraqueza e juntou suas coisas com um pouco de dificuldade antes de caminhar para fora de seu abrigo.
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Seu pé doía enquanto caminhava, havia passado apenas um dia e jamais seria o suficiente, mas a mulher temia, por falta de conhecimento sobre aquele novo mundo, quando novamente teria de pôr sua vida em risco.
Quando chegou em uma pequena lojinha de conveniência, suas mãos afastaram a porta que parecia emperrada com certa dificuldade e sem tomar cuidado, entrou indo direto nas cessões onde sabia que teria comida com um prazo maior de validade.
O lugar fedia, mais do que outros onde ela passou, um cheiro de putrefação que se tornava insuportável conforme se adentrava o local. Ela envolveu seu rosto com a blusa para conseguir aguentar sua exploração sem vomitar suas tripas ali mesmo.
Moscas adentravam pela fresta aberta da porta indo até as geladeiras desligadas de onde vinham aquele cheiro, tentando ignorar, buscou uma cesta de compra jogando vários mantimentos como macarrão instantâneo, mais água engarrafada, bebidas energéticas, produtos de higiene pessoal e indo para a cessão de doces, ponderou.
Akemi sempre foi viciada em doces, chocolates eram tentadores e ótimos para ajudar em momentos de estresse. Ela analisava as datas de validade, o toque em seus dedos mostrava que todas as barras já estavam derretidas pelo mesmo calor que a fazia transpirar e arfar pesadamente em ter de manter a blusa no rosto.
— Eu acho que vou pegar alguns... — Seus lábios se molharam de desejo enquanto puxava uma embalagem de chocolate com amêndoas a abrindo, puxou a blusa logo se arrependendo. Lagrimas brotaram e ela sentiu a bile subir pela garganta, mas ao abocanhar o chocolate, logo tampou seu rosto — Acho que eu vou vomitar...
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Raposa | Shuntaro Chishiya
أدب الهواةEscolha sabiamente a quem entregara a arma que um dia vai te matar... Pouco se sabe sobre Akemi - se esse é mesmo o seu verdadeiro nome ou um artístico usado durante seu trabalho- suas manias, seus gostos ou sequer sua opinião quanto aos colegas de...