Capítulo XXII

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Era madrugada e Kuina havia adormecido, no entanto, uma silenciosa Akemi se mantinha acordada observando o horizonte cheio de festeiras pessoas. A dançarina não queria acordar sua amiga e mesmo após um pesadelo em que havia sido jogada para Niragi fazer o que quiser com seu corpo, não emitiu um único som enquanto pequenas lágrimas deslizavam pelo seu rosto, Akemi estava enlouquecendo aos poucos.


Sem muito o que fazer, puxou a janela até ser aberto um espaço suficiente que, se espremendo um pouco, pudesse sair. Com um pouco de cuidado, suas mãos a passaram do parapeito da janela até um cano da calha a descendo lentamente.


A mulher poderia apenas entrar pelo corredor e ir para onde quisesse, mas esse horário poderia definir um ataque sem vestígios e não era isso que a mulher desejava naquele momento. Se passou trinta minutos fazendo alguns movimentos arriscados e até mesmo passando pelo interior para alcançar uma janela mais protegida, mas após tanto sufoco, lá estava ela se pendurando no ponto que queria chegar.


Ao olhar para dentro, seus olhos se arregalaram vendo o loiro a encarando de volta, as mãos que anteriormente seguravam alguma coisa que ela não teve completa visão, se abaixou escondendo o objeto. Akemi silenciosamente questionou se poderia entrar e quando o homem fez um breve sim, abriu a janela.


— Desculpa, estava sem sono — Ela falou com um breve sorriso. Suas vestimentas normais, largas e de cor escura poderiam esconder facilmente seu canivete, mas ela não fez, obedecendo ao menos essa pequena regra — Afinal, que livro é esse?


— Um entediante o suficiente para desperdiçar meu tempo recordando o título — Bufou — O que faz você pensar em invadir meu quarto.


— Teoricamente, eu não invadi — Puxando a cadeira onde normalmente Chishiya se sentava para fazer seus reparos — Você que normalmente faz isso no meu quarto. O que era a coisa que estava segurando? Uma arma de verdade ou alguma invenção feita por você?


— Eu deveria responder isso? — Akemi riu apoiando os braços no encosto da cadeira, o rosto se apoiando nos membros de maneira relaxada


— Sabe, eu até gosto disso em você — Disse sem demonstrar muita importância no que falava, apenas um leve sorriso — Você realmente me lembra um gato feral.


— Feral? — Ironia rondava sua feição. Chishiya parecia apenas com um leve interesse no assunto.


— É! Eu tenho um gato chamado Kuro — Ela começou lembrando do bichano arisco e curioso —Ele foi abandonado por ser um gatinho preto e ... Sabe, quando eu o peguei... Era tão bravo e sempre me arranhava por motivos pequenos... Demorou três anos para que ele começasse a dormir na minha cama.


— Isso deveria ser interessante? — Mesmo fingindo, de certa forma era melhor do que um silencio mortal ou conversas que envolvesse aquele mundo. Não que a mudança de humor repentina da mulher a sua frente não fosse engraçada o suficiente para que ele sempre tentasse algo diferente para a irritar.


— Hum... Nem sempre precisa ser algum assunto importante, sabia? — Akemi riu sem se ofender com o comentário — O que fazia no outro mundo? Agora que sabe que eu era uma dançarina, poderia contar o que você fazia.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora