Capítulo XXI

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Aos poucos as pessoas começaram a sair quando o Chapeleiro anunciou o fim do que Akemi chamou de tortura psicológica sádica de um jogo daquele inferno de mundo. Algumas pessoas demoraram mais, ou por estarem conversando entre si ou por tentarem de alguma forma pegar o que pareciam boas migalhas soltas pelo Chapeleiro.


A mulher se sentia péssima agora que não tinha mais a música e luzes para ofuscar sua mente de algum pensamento mais lógico e concreto. Quando conversou com o pomposo líder, ele chamou uma mulher que participava dos milicianos para a levar até lá dando as condições "nada de esconder nas roupas e deixar o cinto sempre a vista de todos".


Acompanhando aquela figura feminina que rapidamente lhe passou uma péssima sensação, viu a porta onde as armas ficavam ser aberta deixando que entrasse para encontrar o que lhe pertencia. Akemi viu a luz da sala ser acesa enquanto a mulher aos poucos fechava a porta nas suas costas.


Em silencio a dançarina procurou seu canivete escutando o assoviar vindo da mulher nas suas costas e sem colocar interesse no que ela fazia ou deixava de fazer, voltou a sua procura logo o achando. O sinto estava logo abaixo, pendurado e sem esperar um segundo o puxou pondo na perna sem se importar que ainda estava com aquelas roupas vermelhas chamativas.


— Você deve se achar a gostosona, né? — Finalmente falou.


— Hum? Ah... Não, não penso essas coisas —Akemi respondeu de forma calma, ao pegar o canivete, olhou para a lâmina vendo seu reflexo nela enquanto finalmente dava um suspiro de alívio — Muito obrigada. Eu já posso sair, né?


— Nunca vi uma vadia se sentir tão superiora a alguém — Sua mão tocou a madeira da porta como se para proibir sua passagem — Uma das melhores de um prostíbulo? Quanto que teve de dar para conseguir isso?


Akemi engoliu seu orgulho tentando evitar uma confusão em um quarto lotado de todos os tipos de armas. Indo até em frente da porta, sorriu para a mulher — Poderia abrir para mim? Ou eu posso abrir.


— Raposa, né? Quem deu esse nome para você? Aposto que deve ser por amar ser dominada na cama — Riu em deboche, os olhos encarando o rosto de Akemi — Niragi deve ter um péssimo gosto para querer te foder. Você e aquela tal de Usagi.


Se fosse apenas seu nome, Akemi não teria sequer reagido, mas quando Usagi surgiu sem motivos alguns na conversa e, com a informação de que Niragi havia a posto em uma lista de desejos insanos, sem medo e corroída pelo ódio, abriu a lâmina pondo contra a garganta da miliciana.


— Se eu fosse você eu não apontaria essa arma para mim — Akemi disse em resposta quando viu a mulher levantar a arma pesada de seu cinto — Tem uma artéria no pescoço chamada carótida, que por sinal é onde estou mirando. Eu morro e você vem junto.


— Desgraçada. Acha mesmo que vai conseguir fugir daqui? — Rosnou e Akemi riu.


— Eu não acho, nunca achei que conseguiria fugir desse hospício — Pressionando um pouco mais, um filete de sangue começou a escorrer de seu pescoço — Venha. Abra a porta.


A mulher seguiu, uma mão apertando a pele de Akemi enquanto a dançarina não a largava de maneira alguma para poder sair dali viva. Ao abrir a porta, a estudante deu mais dois passos, o braço ainda próximo da miliciana com a lâmina afiada ali.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora