Raposa | Shuntaro Chishiya

Capítulo XXXII

Akemi não gostava de confrontos diretos, preferia emboscadas ou a distâncias que pudessem garantir melhores chances para sua sobrevivência, no entanto, dessa vez, ela não tinha opções algumas.

Enquanto estava de guarda, seus olhos pesados demais a fizeram entrar em sono profundo e era erro seu agora terem escopetas apoiadas em suas têmporas. Os homens, sobreviventes, não pareciam estar ali apenas para um roubo rápido o que de fato era estranho naquele mundo.

Os suprimentos eram limitados, mas Akemi quase não teve problemas com pessoas — que não fossem membros da Praia, esses sempre foram um peso — ou confrontos por recursos e mesmo assim ela os evitava ao máximo até durante os jogos. Akemi procurou Chishiya, ele não estava muito longe também sendo mantido como refém, a face tranquila não parecia mostrar preocupações quanto o que aconteceu.

Seus olhos sem vida rolaram para a garota, ele não parecia a julgar por ter caído no sono, ao menos não transmitia sobre suas iris mortais e felinas.

— Onde está toda a comida? — Um dos homens falou para o loiro, ele não disse nada — Eu estou falando com você, vadia.

Se escopetas não estivessem em seus rostos a mulher zombaria de seu parceiro por terem o confundido com uma garota, mas não culpava, o corpo coberto por uma manta, os olhos baixos e focados na dançarina e seu capuz escondendo o rosto outrora sonolento, era um prato cheio para o erro. Engraçado ou não.

— Vamos gatinha, fala onde estão seus suprimentos e a gente deixa ir embora — O cara tentou uma abordagem diferente, talvez por excitação de meses sem contato com uma figura que não fosse do mesmo sexo. Nojento — Se quiser podemos até mesmo ajudar vocês, damas tão fofas não podem ficar sozinhas nesse mundo ruim.

— A bolsa está ao lado da pilastra a sua esquerda — Revelou Chishiya, seu tom frio assustou os ladrões.

— Porra! É um homem! — Gritou e seus companheiros continuaram a gargalhar do engano, mesmo quando ele mandou que parassem — Ao menos a outra é mulher!

— E das bonitinhas, só esse olho que é esquisito — Chiou outro fazendo Akemi se irritar. Odiava que comentassem de seu olho direito, ainda mais nesses tons de repulsa, ela queria enfiar o canivete na garganta dele.

Ela estava armada, claro, no entanto, na posição que estava, teria menor chance de reagir sem ser morta antes. Akemi suspirou levantando calmamente as mãos — Eu posso me levantar? — Seu tom era submisso, mas os olhos não.

— Eu vou pegar as bolsas deles, vamos sair logo — Quem estava cuidando de manter Chishiya como refém disse sem se importar de conferir se o loiro estava ou não armado. Akemi nunca teve certeza da resposta também, mas acreditava que sim — Vocês, levem ela.

Ela deu alguns passos, por sorte a arma escondida em uma camada mais grosseira de sua roupa, o andar despreocupado vendo que Chishiya parecia estar analisando algo no momento. Ela suspirou abaixando a cabeça, um mínimo sorriso nos lábios sabendo que teria de entrar rápido no plano, sem sequer saber qual era.

Dois dos quatro homens armados já havia saído dali, Akemi estava sendo escoltado pelo terceiro que mantinha sua arma na cabeça dela todo momento, o quarto não estava muito longe vasculhando as bolsas notando serem quase uma mina de ouro naquele inferno.