Capítulo XVIII

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Mais uma noite sem dormir, uma madrugada lenta e torturante que a fez desistir de qualquer tentativa se sentando no parapeito da janela observando o horizonte onde algumas linhas vermelhas desciam eliminando vidas sem qualquer piedade. Se todo o significado não fosse tão assombroso para a alma, aquela cor descendo do céu como uma chuva leve de verão abraçada pela lua, seria lindo.


Akemi usava uma blusa de frio cumprida que escondia bem seu corpo, a coberta deslizava uma parte para o lado de fora da janela tremendo enquanto o vento passava por ela tentando alcançar o corpo cansado da dançarina. Sentia falta de seu canivete, mas assim que o plano estivesse concluído, teria seu canivete e quem sabe a localização do cofre com as cartas.


Absorvendo o ar com um longo suspirar pelos lábios, ponderou se o que estava fazendo deveria ser o certo. Todas as vezes em que se envolveu com algo parecido, o pagamento sendo dinheiro, Akemi se sentia nojenta logo em seguida, mas assim que as altas notas iam para o caixa da farmácia, todo o orgulho era engolido junto da sensação de que estava prolongando a vida de seu amado irmão.


— Eu estou voltando — Um nó fixo em sua garganta fez suas poucas palavras falharem — Eu juro que estou voltando.


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Saindo de seu quarto, viu Kuina andando com uma bandeja onde dois copos de vitamina e um pequeno monte formado por qualquer tipo de comida que encontrou se aproximava em direção do seu quarto.


— Bom dia Kuina — Akemi sorriu sentindo que havia esquecido algo em seu quarto —Ah que bom que eu te vi, estava quase me esquecendo da minha lente.


— Eu sou sempre seu anjo da guarda — Ela brincou entrando logo atrás da menor. Diferente da noite anterior, Akemi usava roupas de banho desbotadas e seu vestido de praia tentando não atrair a atenção de ninguém — Eu vi Arisu e Usagi hoje mais cedo, aparentemente os dois vão precisar participar de jogos hoje. Você vai?


— Sim, para o meu azar ontem foi um às de espadas — Suspirou frustrada olhando para o copo com a vitamina de cor mais rosada — É do que?


— Disseram que é de morango... Mas acho que deve ser algum concentrado que encontraram por aí — Kuina falou bebericando o primeiro gole o aprovando para consumo.


— Será que está bom para o consumo? — Akemi questionou séria, mas logo deu uma risada com a face desesperadamente pensativa da amiga — Eu estou brincando.


—Bem, agora já foi — E lambendo os lábios adocicados pelo suco, voltou a conversar sobre um assunto completamente distinto.


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Akemi estava no topo da praia, o teto de concreto reto e as caixas de ar-condicionado distribuídos por sua superfície era um ótimo lugar para voltar a praticar calistenia. A mulher que já havia aproveitado a vista do lugar, agora se aquecia calmamente focando a atenção de um membro para o outro sem deixar nenhuma parte de seus músculos passar despercebido evitando riscos de lesão.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora