Capítulo XII

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A morte podia não estar fazendo um bom trabalho a buscando, mas a praia estava em tirar seu controle emocional. Olhando para todos os conjuntos disponíveis e tendo recebido um xeque-mate de que não poderia sair nem em seu primeiro dia sem roupas de praia de seu quarto, ela queria que um raio vermelho perfurasse seu crânio naquele exato momento.


Novamente sem uma bolsa, sentia o olho direito a incomodar mais do que o normal e, sem escolha, descartou a lente de contato preta deixando sua íris verde claro, com um leve tom de azul na borda, exposto para o sol. Mas não era somente a lente, ou falta de vestes descentes, mas os biquínis além de serem uma numeração um pouco menor do que ela usaria, eram projetados para atrair qualquer olhar.


Ela pensou bem e decidiu que não iria usar os com tons chamativos como vermelho, talvez um branco ou um preto. O preto era minúsculo, por sorte caberia o bico de seus seios, já o branco iria tampar um pouco mais, mesmo que seu decote e as tiras grandes para dar volta em seu tronco dessem a ele um ar chamativo e sexual.


A parte de baixo não ficava atrás, um fio dental com pequenos detalhes brilhantes que ficariam no quadril. Akemi engoliu seco explorando o quarto, havia um banheiro com um chuveiro onde ela foi avisada de que poderia usar, então, antes de mais nada, lavou todo o corpo e cabelo sentindo sua energia voltar.


A água era fria, mas depois de tanto tempo havia virado costume e nem mais percebia ou lembrava como era um banho quente e realmente descente. Secou o corpo com uma toalha que havia encontrado em uma das gavetas e logo em seguida, arrumando os fios de seu cabelo com os dedos, saiu em direção do quarto.


Ela colocou primeiro a parte de baixo, depois ajeitou bem os seios dentro do tecido antes de amarrar os fios daquela peça sentindo que a qualquer momento ela se desmancharia com a estrutura e peso diferente da que foi projetada para suportar. O corpo bem trabalhado e cheio de curvas havia ficado sensual, mas o ferimento em sua perna poderia deixar claro sua momentânea vulnerabilidade e ela odiava isso.


A dançarina procurou uma saia ou qualquer coisa que pudesse servir para cobrir suas pernas e diminuir a quantidade de pele exposta, mas não havia nada. Então abriu todas as portas de armários atrás de um tecido mais leve e encontrou um lençol de cima fino para uma cama de solteiro florido.


Se era bonito ou não, estranho aos olhos dos demais, pouco se importava com isso. Akemi jogou o tecido sobre o corpo o amarrando, ele cobria de seu umbigo até o meio de suas cochas — suficiente para esconder seus ferimentos — e por algum motivo não havia ficado algo tão feio no espelho.


Descalça, andou por toda a região o mapeando com o olho direito fechado, a maioria apenas passava por ela olhando para seu busto, mas suspirando profundamente, poderia até mesmo ignorar. Era só fingir que estava no seu trabalho, aquele lugar nojento onde se vendia por dinheiro e remédios para seu irmão.


Quando saiu em direção da multidão, olhou para aquelas carnes bêbadas e drogadas que dançavam e curtiam suas vidas destinadas a um fim trágico como se nada mais existisse. Andando evitando grandes concentrações de pessoas, encontrou dois corpos que chamou sua atenção, mas ela apenas se focou de longe os observando.


Arisu e Usagi conversavam com uma mulher de dreadlocks com um corpo de dar inveja e um rosto tranquilo. A mulher estava fumando enquanto conversava com a dupla e Akemi desejava saber ler lábios para saciar sua curiosidade.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora