Capítulo XXXI

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Seus passos eram vagarosos, não por ela, mas para que o homem a alguns passos atrás dela não acabasse se perdendo durante a caminhada. Akemi já havia reclamado, muito, sobre sua demora irritante e moleza, mas nada fazia ele apressar os passos e não parecia ser nem mesmo na velocidade normal dele, Chuntaro estava propositalmente prolongando o caminho e Akemi não sabia o motivo.


— Shuntaro — A mulher novamente o encarou, as mãos no bolso e os olhos irritados — Você vai atrapalhar muito se ficar andando com passos de tartaruga. Sei que é um sedentário, mas já está sendo demais.


Ele não se importou, andando com tranquilidade passando pela mulher como se ela não tivesse dito nada. Akemi suspirou se arrependendo imensamente de todas as decisões tomadas acompanhando o ritmo do homem.


As horas passaram quando chegaram em um pequeno mercadinho de bairro, a loja de conveniência parecia ter sido revirada, mas isso não fez a jovem deixar de entrar no lugar para encarar melhor as prateleiras escondidas de seu campo de visão —Fique do lado de fora e me avise qualquer coisa — Foi sua última fala antes de seu corpo ser sugado pela escuridão do lugar.


Akemi caminhava lentamente, os olhos vasculhando o chão a procura de armadilhas antes de pisar, sua mão mantinha a arma de fogo firme para um confronto direto se necessário. Ela foi até uma parte mais afastada que parecia ter passado despercebido pelos sobreviventes, tinha cinco copos de miojo instantâneo do mesmo sabor: carne.


— Achei comida — Anunciou sabendo que o loiro não havia se afastado da porta. Akemi jogou três dentro da bolsa antes de a colocar novamente em seus ombros, os outros dois estavam em sua mão. Ela caminhou satisfeita, melhor do que um dia sem nada no estômago, a refeição quente manteria os corpos firmes para aquela noite — Chishiya?


— Eu tô aqui — Ele disse encostado na parede quando a mulher não o viu. Seu capuz cobria os fios descoloridos e seus olhos estavam fechados como se estivesse sonolento — Encontrou alguma coisa?


— Miojo — Ela disse mostrando as embalagens, mas ele não abriu os olhos — Aconteceu alguma coisa?


— Não, mas acho que deveríamos descansar um pouco — Finalmente encarando a mulher, seus orbes negros vazios analisavam o estado de Akemi — Você tomou quantos remédios só essa manhã?


— Dois? Ou três, não lembro — Ela suspirou — Estou bem. Chishiya, eu estou bem.


— Vamos, eu quero dormir — Sem se importar com o que Akemi iria achar, seus passos agora um pouco mais rápidos fez a figura feminina chiar em irritação antes de o seguir.


— SÓ meia hora — Ela disse o alcançando. Eles escolheram um lugar não muito longe dali, era uma pequena casa de dois quartos que chegaram a explorar em busca de recursos, no entanto, assim que pegaram tudo o que precisavam, se juntaram na sala onde deixaram a porta para o jardim aberta.


Akemi havia encontrado dento da gaveta um isqueiro, não foi difícil fazer uma fogueira e usar o pequeno objeto para iniciar as chamas. A mulher, pegando uma das panelas abandonadas, jogou água de sua garrafinha para esquentar o líquido e preparar a comida — Eu não acredito que vamos perder meia hora aqui por causa de sono — Ela bufava falando sozinha.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora