Capítulo IX

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Quando os seus sentidos voltaram, desejou que ainda estivesse desmaiada. A dor concentrada em todo seu corpo parecia pior na cocha esquerda, tudo girava enquanto um frio a fazia vibrar involuntariamente logo se arrependendo.


Seus olhos se abriram com dificuldade enquanto tentava aos poucos lembrar o que havia acontecido que a levou até aquele exato momento. Akemi observava o pequeno lugar, o tecido acima de sua cabeça a fazendo notar que se tratava de uma cabana. Tentou se levantar com muito custo, a dor querendo escapar de seus lábios como um gemido sofrido.


Não demorou para que um movimento fosse feito do outro lado da cabana chamando sua atenção. A mulher em reflexo levou a mão até sua perna a procura do canivete, mas não encontrou nada além de uma camada espessa e tranchada de tecido amarrando seu músculo ferido tentando em vão diminuir o sangramento.


— Você acordou — Arisu falou quando entrou na tenda vendo a mulher que o encarava friamente — Eu estou atrapalhando algo?


— Não... Eu só não sabia que era você — Akemi suspirou se jogando de volta para o travesseiro, os olhos indo para o teto de tecido que deixava um pouco de luz adentrar — Onde está meu canivete? E minha bolsa? Afinal, onde estamos?


— Normalmente você não faz muitas perguntas de uma vez — Ele pareceu querer brincar, mas ao receber um olhar afiado, engoliu em seco — Seus canivetes estão aqui... Sobre a bolsa, não sabíamos que estava usando uma quando saímos da arena.


— Eu vou buscar — Akemi tentou se levantar, mas dessa vez a fraqueza falou mais alto a fazendo novamente cair — Droga... Estamos a quanto tempo da arena?


— Cerca de quinze minutos caminhando — Ele falou incerto, quando a mulher foi protestar, Arisu continuou — Por um tempo você continuou andando com a gente depois que saímos do ônibus, estranhamos que estava pálida, mas como não falava nada apenas continuamos a andar até que caiu desmaiada.


— Faz sentido — Ela suspirou sentindo uma fraca dor em seu olho direito parecia um pouco cansado, até doloroso. Ela se lembrou de que estava a muito tempo com a lente de contato, mas sem um estojo ou produtos específicos que havia posto em sua bolsa, logo seria uma dor de cabeça e perigoso manter a lente de contato apenas para esconder seu olho — Eu preciso da bolsa... Ela tem algumas coisas lá.


— O que? — Usagi respondeu entrando no mesmo pequeno cubículo que os outros, curiosa com a conversa que se desenrolava. Akemi mordeu o interior dos lábios não sabendo se deveria arriscar ser encarada com o mesmo preconceito que a cercou quanto seus olhos chamados de anormais — Dependendo do que for, posso pegar em alguma farmácia aqui perto.


— Eu vou precisar de algo melhor para lidar com esses ferimentos — Akemi disse olhando o pano ensanguentado pensando se deveria ou não puxar os pedaços de pano.


— Tipo? — Arisu foi quem questionou daquela vez vendo os olhos felinos e astutos encararem o tecido vermelho.


— Bandagens, anti-inflamatórios no geral e soro fisiológico... Na verdade feria bom se achasse um kit de sutura e luvas... — Ela falava, mas parecia pensativa, mais para seu cérebro do que para seus companheiros — Definitivamente, vou precisar dessas coisas e de antibióticos. Pegue todos que verem pela frente se puderem...

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora