Capítulo XI

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Seu corpo estava fraco e se sentia em um estado nojento, suor e terra grudado em seus membros inferiores se alastrando para os superiores, os fios de seu cabelo emaranhados e com pequenos restos que a floresta deixou em seu corpo. Akemi aos poucos voltava a realidade, de volta ao controle de seus membros moles após ter sido apagada.


— Ela está viva? — Escutou alguém questionar não muito longe.


— Já está de pé... É a primeira que para de pé mesmo desacordada —Outra voz — Acho melhor chamar o pessoal.


Mais sons foram, passos, portas se abrindo e percebendo que ela havia acordado, sentiu o tecido que tapava seu rosto ser retirado e o sol irritando seus olhos — o direito precisava urgentemente de um colírio e a lente de contato a distância por pelo menos um dia — que se abriram com longas piscadas dolorosas.


Akemi olhou para todos os presentes naquela sala, algumas pessoas bem afastadas parecendo ser mais lacaios que logo saíram dando espaço a reunião. Se focando agora, em maiores detalhes naqueles que participavam da pequena reunião que foi convocada sem perguntarem, Akemi notou a silhueta com suas características roupas brancas logo o vendo sem capuz, algo mais raro nos jogos que o viu.


— Que fofinha — uma mulher de longos cabelos negros disse com um sorriso, a voz era animada, mas o jeito de se comportar estranho —Bom dia.


Akemi puxou as mãos sentindo uma corda as envolver em um nó apertado, suas pernas apoiadas na madeira enviavam descargas de dor em toda sua coluna, algo que ela tinha de segurar para não expressar em suas feições distantes.


— Eu peço desculpas pelo modo rude que a trouxeram aqui — O homem de óculos disse a encarando, ele parecia cansado, talvez fosse normal situações como essa ocorrer.


— Deve ser comum isso acontecer por aqui — Akemi disse se mexendo um pouco, esticando seus pés para que pudesse se sentar em uma posição mais relaxada — Eu ouvi falar sobre vocês. Não tenho interesse em entrar, obrigada.


— Não é uma proposta — O som de portas se abrindo não muito longe de onde ela estava a fez encarar o homem com roupas de banho extravagante e uma maneira pomposa de agir entrar — Eu vim dar minhas boas-vindas a nossa pequena utopia, a Praia.


Akemi suspirou quando sentiu a presença mais próxima de seu corpo, se estivesse com seu canivete... No momento que pensou nele, logo começou a tentar se focar em o sentir no seu corpo, as ações desesperadas chamando atenção de todos ali.


— Meu canivete — Akemi falou olhando nos fundos dos olhos da figura masculina, com ou sem óculos, o jeito como ela direcionou seus orbes negros o deixou em alerta — Cadê meu canivete?


— Somente a milícia pode usar armas dentro da praia — Ele respondeu sem desviar sua atenção, um sorriso em seus lábios antes que se afastasse rindo — Você deve ao menos ter interesse de saber sobre o motivo de estarmos aqui. Essa é sua resposta.


E estalando os dedos uma parede falsa de madeira a frente do funil de pessoas se abriu mostrando grandes desenhos de cartas com seus números e naipes, algumas delas possuía um grande X em vermelho mostrando terem já sido pegas. Akemi olhou para o desenho da carta de seu primeiro jogo em branco.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora