Raposa | Shuntaro Chishiya

Capítulo XXVIII

Os olhos com heterocromia observavam o horizonte escuro, as linhas vermelhas desciam dos céus como uma chuva de beleza e dor. Havia se passado três dias que arenas não eram abertas, isso preocupava a garota que, mesmo tendo certa esperança de estar chegando o fim daquele inferno, imaginava que talvez todos estivessem condenados a uma morte lenta e desesperosa com seus vistos vencendo.

Seus pés a mantinha equilibrada sobre o telhado de uma antiga casa, o ombro enfaixado ainda doia enquanto os pontos feitos por Chishiya continha um novo sangramento.

Ela havia voltado para a estaca zero, após vencerem o jogo e ter seus ferimentos tratados, Akemi desapareceu como um fantasma para jamais voltar. Agora, solitária, se recordava de momentos com todos julgando ter sido influenciada por Chishiya de maneira tão fácil colocando sua vida nas mãos de alguém manipulador.

— Eu sou muito idiota — Disse cerrando a palma das mãos antes de se aproximar da beirada do terraço, se jogar dali com alguns movimentos rápidos de mão aterrissando em segurança — Aonde eu vou agora? Hum... Está começando a ficar irritante.

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No quarto dia, ocorreu um anúncio por toda Toquio sobre os novos jogos que estavam por vir. Dirigíveis anunciavam cartas gigantes com os rostos de reis e rainhas de cada naipe do baralho, era uma nova etapa que a garota e os demais sobreviventes daquele insano mundo deveriam passar.

Akemi andou calmamente até o centro de Shibuya, onde tudo começou atrás do dirigível mais próximo: o rei de espadas. O lugar era silencioso, sem qualquer sinal de sobreviventes ou de que o jogo iria logo começar. Será que eles ocorriam apenas de noite como os outros?

Quando escutou o som de passos, puxou a arma presa em sua cintura a erguendo antes de caminhar lentamente em direção dos ruídos, alguns carros abandonados eram seu esconderijo enquanto averiguava o que era aquele som; de quem pertencia.

— Eu deveria ter imaginado que viriam — Akemi disse ao ver Arisu e Usagi em frente do prédio onde um telão anunciava o jogo que estava por vir.

— AKEMI! — Usagi gritou correndo até a amiga a envolvendo nos braços rapidamente antes de se afastar. Arisu parecia aliviado — Onde você estava esse tempo todo?

— Bem... Eu sempre fui melhor trabalhando sozinha — Ela disse com um leve sorriso, os dedos coçando seu pescoço tentando dissipar o ânimo — E vocês...

A voz morreu, os olhos se arregalaram e a mão correu para puxar a arma que não fazia um minuto que ela havia guardado. Akemi sabia que Arisu era uma boa pessoa, um coração grande demais, no entanto, ver Kuina e Chishiya ali a fez quase surtar.

— Arisu, eu sei que você é uma pessoa amorosa até demais, mas isso já é um exagero grotesco — Akemi disse com a arma apontada para o loiro — Por culpa desses dois vocês quase morreram... Nós quase morremos.

— Akemi — Arisu parecia contido, se aproximava vagarosamente até que seus dedos tocassem a mão da mulher pedindo calmamente que abaixasse a arma. Ela assim o fez guardando em seu cinto — Eu senti sua falta.