Capítulo VII

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Os suprimentos estavam acabando com uma velocidade maior do que Akemi planejava. Ferimentos como cortes e vergões eram constantes durante os jogos que participava, mas jamais imaginaria que teria de gastar seus recursos para sobreviver a desastres como confrontos diretos com membros intitulados "a Praia".


No começo foram confusões em um dos jogos que participo — devido seu corpo cheio de curvas e a aparência agradável aos olhos mesmo em um mundo doentio — muitos tentaram a atacar antes, durante ou nos finais tornando cada término de jogo pior um medo diferente.


Akemi sempre conseguiu fugir, algumas vezes por sorte, outras devido sua habilidade em escalada ou luta serem melhores e até subestimadas. Ela não se importava como, mas sim que conseguia fugir.


Era mais uma noite, um novo jogo e mais uma arena na qual deveria entrar e se arriscar levando o corpo no limite. As mãos aquecidas com suas luvas já gastas de tanto usar se abria e fechava aquecendo os músculos que se preparavam para mais uma nova noite, a mente calma eliminava consigo qualquer tipo de pensamento que a atrapalhasse.


Como sempre, abandonou sua bolsa em um lugar deserto e conferiu as lâminas que carregava antes de verificar se o antigo canivete estava firme no cinto. Ele era o seu favorito e mesmo a qualidade inferior aos demais que obteve, Akemi o deixava sempre ao alcance como um amuleto.


O prédio tinha seis andares, sem contar o térreo. Adentrando o lugar, viu mais duas pessoas já esperando o restante dos participantes para que os jogos começassem e desviando o olhar deles para a construção que se mostrou ser oca por dentro onde as janelas que podiam ser vistas pelo lado de fora jogavam ao qualquer um que as usasse para entrar no lugar.


Ela tinha vigas e plataformas presas ao concreto da alta construção levando ao topo onde uma última estrutura ia de uma ponta a outra do prédio formando um x no centro. Akemi se questionava quanto tempo seria dado para escalar aquilo tudo, as vigas eram grandes então não parecia tão difícil para a maioria realizar o percurso, mas as regras a deixavam nervosa.


Demorou mais alguns minutos para duas pessoas aparecerem juntos de um alto ronco de motor que fazia a mulher se tornar arisca ao que entraria pela porta, sabendo que seriam membros da Praia. Quando seus olhos foram em direção de um dos homens da dupla, notou a blusa de frio branca que cobria seu cabelo descolorido e os olhos afiados como as de um astuto felino.


— Você está vivo — Akemi disse surpresa, novamente fazendo a mesma fala da primeira vez que o viu em um jogo. O homem sorriu de canto de uma forma sarcástica.


— Eu fico surpreso de ainda estar viva — Ele respondeu olhando ao redor antes de continuar — Onde está aquele garoto... Arisu, né? Pensei que estaria com ele.


Akemi se fechou no mesmo momento, os olhos mais leves pela surpresa se tornaram frios como o habitual. Ela mexeu os dedos em um certo desconforto notando ser uma das únicas mulheres ali e suspirando, deixou a mão próxima do canivete vendo os dois homens se aproximarem da mesa onde os celulares estavam.


A mulher notou o vício de comportamento que o homem desconhecido que carinhosamente, ou não, apelidou de gato branco tinha em sempre manter as mãos dentro dos bolsos enquanto seu rosto se mantinha em uma calma que chegava a ser anormal e irritante. No entanto, o homem que vinha atrás dele a olhou de volta, uma face perversa como todos os demais daquele grupo tinha quando a observava.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora