Capítulo XXVI

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A briga com Chishiya não iria atrapalhar o desenvolvimento do plano, pelo contrário, Akemi desceu para tomar café da manhã como se nada nunca tivesse acontecido: o beijo, os momentos de brincadeiras, a briga, nada aconteceu e o gato branco era apenas isso, um pequeno conhecido e mente por detrás do plano.


A dançarina comia tranquilamente alguns pedaços de fruta enquanto ouvia as conversas mais animadas — disfarçando a ansiedade — que todos compartilhavam ali. Não demorou para Chishiya descer, algo tão incomum de ocorrer em dois dias seguidos, mas lá estava ele, sentado à mesa com alguns biscoitos e uma postura despreocupada.


— Daqui algumas horas eu vou ser chamado para ver o corpo do Chapeleiro — Disse prevendo os próximos passos. Desde a morte até o momento da escolha do próximo líder, Chishiya tinha tudo dentro de seu plano — E quando o novo líder for anunciado, iremos sumir com as cartas.


Akemi balançava a cabeça lentamente mostrando estar prestando atenção na conversa, o volume baixo que o loiro falava para que os demais não pudessem escutar fora daquela pequena mesa. A blusa de frio escondia seu rosto, os fios loiros presos dentro da peça branca deixando longe da visão feminina qualquer traço dele.


— Quando vai contar todo o plano? — Akemi disse com as mãos sobre suas cochas, irritada com tantos segredos. Suspirou mantendo a voz baixa ao ver uma figura se aproximar— Tem um cara vindo aqui, ele é um miliciano.


— Shuntaro Chishiya, o Chapeleiro te espera na sala de reunião — O homem falou sem demonstrar interesse logo saindo.


— Eu quero que venha também Arisu — Informou o loiro antes de se levantar indo na frente. Arisu não demorou para levantar o seguindo alguns passos.


 ♠ — ♠


Akemi estava no quarto de Chisiya, as costas contra a cama e a mente longe demais para dar importância a algo que as meninas estivessem dizendo. Os olhos pesados pela noite em claro, a mulher olhava para o teto se recordando de alguns pequenos fragmentos de sua vida no outro lado.


A mulher andava apressada, as mãos segurando de maneira firme o celular com a tela de mensagem com sua vizinha ainda ali. Seu irmão havia tido mais uma crise e levado às pressas pelos vizinhos que a contataram, Akemi chegou em cinco minutos depois de seu irmão no hospital.


Arfando, foi até a recepcionista informando todos os seus dados para que ela passasse o quarto de seu irmão. A dançarina correu até o número indicado encontrando o pequeno garoto deitado na maca, um soro ligado à sua veia enquanto um monitor mostrava os batimentos cardíacos.


— Irmã? — Ele chamou, a voz fraca após a crise — Desculpa...


— Oi meu pequeno — Ela sorriu indo até ele, as mãos afastando os fios de seu cabelo do rosto para poder lhe dar um longo beijo na testa — A senhora Kioko me contou tudo, você foi muito corajoso de pedir ajuda. Parabéns.


— Eu... O Kuro ele...


— Não precisa se explicar — Akemi disse tentando tranquilizar o pequeno garoto. O felino sabia se virar muito bem na rua e logo estaria voltando para casa, era fato, mas seu pequeno irmão ter tido uma crise de arritmia após andar um quarteirão chamando pelo gato era o mais preocupante naquele momento — O kuro é forte e logo vai estar voltando para casa, pode apostar.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora