Quando chegou em seu quarto vomitou tanto que sentiu que suas tripas iriam descer pelo esgoto da privada. A ânsia misturada com a fraqueza, os tremores, o medo, o coração palpitante, aquilo foi um tormento difícil para digerir.
Se com um pouco de comida e álcool seu estômago estava sensível, vomitar tudo em movimentos involuntários invasivos a fez sentir uma profunda dor em seu corpo, algo semelhante a causada pelo veneno.
Demorou para que ela largasse a peça de porcelana e, se arrastando humilhantemente, se jogar na cama de camadas brancas as tornando uma bagunça sem fim de cores. A mulher fechou os olhos, a sensação de calor quase a fez retirar suas peças de biquíni tentando um maior contato com o frio da madrugada.
Se passaram alguns minutos e sentia sua vista pesada, o cansaço de ficar dias privada de um sono descente atrelada ao fato de todos os acontecimentos das últimas horas lhe fazia abaixar a guarda, mas não o suficiente para a fazer dormir, não o suficiente para que finalmente pudesse desistir de uma guerra inútil contra sua mente assolada pelo pavor.
Era abominável se sentir tocada, mesmo que para um bem maior, jamais desejava aquilo. A tintura espalhada sem qualquer sentido, como um borrão em sua pele a lembraria disso na manhã seguinte, sua figura dolorosamente esculpida a lembraria de cada tormento passado por anos. Naquelas terras ou no seu mundo, nada mudava... Nunca mudava...
Então a porta se abriu, cansada demais para sequer lutar, suas mãos se mexeram e seu corpo tremeu. Os lábios tocando a colcha da cama, os dedos se abrindo a procura de algum canivete, seu canivete, mas logo parou ao se lembrar e então, o pavor começou.
Akemi podia escutar o som de seu coração, as batidas rápidas e desregulares, os seus pulmões puxando tanto ar que mostrava claro sinal de estar hiperventilando e sua mente... Ah sua mente, o pior pesadelo era estar preso dentro de sua mente, sem ter como lutar com todos os pavores e memórias, sem ter como escapar de seu castigo eterno que voltava e voltava, não dez, não vinte, mas centenas ou se não milhares de vezes as piores memórias.
A porta de seu banheiro foi aberta, não que ela tivesse qualquer interesse naquilo, estava preocupada demais para algo assim atrair sua atenção, então algo um pouco pesado, húmido foi jogado sobre sua testa sem muito cuidado.
— Merda — Choramingou mexendo o rosto quase o derrubando de sua testa.
— Vai cair — A voz estava irritada, um longo suspiro de frustração se sobressaindo a respiração pesada da mulher — Droga, eu deveria te deixar a própria sorte.
Ela não conseguia responder, alguns membros de seu corpo dando espasmos enquanto ela mantinha a boca aberta para respirar. Ela escutou quando algumas caixinhas de papelão foram postas não muito longe de seu rosto enquanto o desconhecido abria uma por uma destacando os comprimidos.
— Vamos, você vai precisar se sentar — Ao olhar para o corpo que dava todos os sinais de que estava anulando todas as ordens vindas da mente de Akemi, ponderou todas as alternativas.
Mais um som claramente mostrando sua raiva misturada a frustração antes de novamente jogar algo, dessa vez uma fronha sobre o corpo pintado de Akemi usando de proteção para não se manchar com as camadas bagunçadas que se prendia a pele da mulher. Com certo desleixo, puxou ela para se encostar na cabeceira da cama a vendo sequer conseguir manter a cabeça sem tombar.
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Raposa | Shuntaro Chishiya
FanfictionEscolha sabiamente a quem entregara a arma que um dia vai te matar... Pouco se sabe sobre Akemi - se esse é mesmo o seu verdadeiro nome ou um artístico usado durante seu trabalho- suas manias, seus gostos ou sequer sua opinião quanto aos colegas de...