Capítulo XXIV

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Era noite e Akemi não estava muito animada para algo como festas ou absurdos semelhantes a isso. Pelo contrário, apenas saiu para pegar alguns pacotes de bolacha se sentindo invadida assim que tocou os pés para fora daquele lugar.


Caminhas pelos corredores com um alvo nas costas parecia menos desconfortável do que caminhar sabendo que um total de três — se não mais — pessoas a queriam de maneiras diferentes: como um brinquedo sexual, morta ou algo que ela logo descobriria e sentia ser igualmente péssimo.


— Sinto tanto a sua falta, minha pequena raposinha — Alguém disse logo atrás dela, a voz a fez se virar bruscamente dando de cara com um Chapeleiro a encarando — Depois que conseguiu pegar suas garrinhas de volta não está mais me dando tanta atenção.


— Peço perdão, ando um pouco cansada — Deu a primeira desculpa que pensou, mas sentiu que pela feição que Chapeleiro a lançou, nada daquilo a convenceu.


— Vou deixar você se redimir —Ele disse com um grande sorriso —Vá trocar de biquíni para algo mais atraente, estarei te esperando no mesmo lugar de sempre.


E sem deixar direito a recusa, desapareceu dos olhos de Akemi.


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A dançarina buscou no quarto de Kuina algumas de suas roupas jogadas, o biquíni branco parecia ser mais do que suficiente para aquele desnecessário encontro entre os dois. Akemi havia conseguido o que queria, Chapeleiro iria morrer na noite seguinte e eles fugiriam no próximo dia com as cartas daquele lugar.


Quando chegou na sala particular, viu o homem terminando uma conversa com Aguni, o número um dos milicianos que, não parecia muito receptivo com o que quer que o Chapeleiro estava dizendo.


— Perdão, volto outra hora — Akemi disse tentando se virar, mas foi parada quando o pomposo líder a mandou sentar ao seu lado — A conversa parece ser muito importante...


—Na verdade ela já acabou — Chapeleiro disse vendo o gigantesco homem se levantar e passar ao lado de Akemi que engoliu em seco. Niragi era peixe pequeno comparado com aquele homem.


— Licença — Se curvando, entrou indo até onde o mais velho estava mandando se sentar, ao seu lado como quando conversaram com Arisu. A mesa de centro estava abarrotada de diferentes bebidas: entre vinho, cerveja, vodka e whisky. De valores e tipos diversos — O que seria isso?


— Uma acompanhante do seu nível tem de ser servida com luxo e sem miséria, não acha? — Ele disse com um grande sorriso — Quero ver o quanto aguenta beber.


— Ah... Eu não sou tão boa com bebidas — Akemi falou tentando se esquivar daquilo — Não era minha função servir os convidados...


— Todos começam de baixo, Akemi — Levando as mãos até a primeira garrafa, a abriu servindo dois copos até a boca a entregando — Os próximos é você quem vai servir.


Akemi pegou o copo a contragosto, os olhos furiosos contra o líquido em mãos antes de o virar para dentro da boca, os lábios se humedecendo com o álcool de porcentagem alta e marcante. A dançarina olhou para o Chapeleiro que a observava sem qualquer escrúpulo, os olhos deslizando pelo corpo esbelto da mulher.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora