Capítulo XXXVI

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Chishiya seguiu Akemi por todo o percurso sem dizer nada, vezes tinha certeza de que a mulher relembrava de sua presença tomando pequenos sustos ao conferir e ter certeza de que seu gato branco estava ali. Ela estava exausta, ele também, mas o rosto sempre tão cheio de vida e atraente possuía manchas de sujeira, olheiras roxas e intensas abaixo de seus olhos com heterocromia e tantos arranhões espalhados fora as feridas mais sérias que vezes ainda se abriam e precisavam de cuidado.


— Onde estamos indo? — Ele por fim questionou olhando para o céu que aos poucos escurecia — Faz tanta questão de chegar ainda hoje?


— Sim, é um lugar seguro para passar a noite e dormir — A mulher disse sem olhar para trás, os olhos foram até o céu procurando prédios que a guiassem na área menos nobre perto do centro de Shibuya. Se estivesse certa, logo chegaria — Vamos passar a noite lá e pela manhã nos separamos.


Shuntaro não questionou, se isso fizesse a mulher parar nem que por algumas horas era o suficiente. Ele odiava isso, mas se preocupava com a saúde de Akemi, mesmo que ela mesma não parecesse se importar com isso.


Eles andaram por mais uma hora antes de parar em frente a um sobrado antigo e de aparência um tanto simples. A pequena cerca de madeira a frente da porta da casa era decorada com uma roseira agora de folhas desiguais mostrando a tempos não ser aparada por mãos humanas, o caminho até a porta era de cascalho puro.


— Vamos invadir esse sobrado? — Chishiya questionou de maneira surpresa, se era um lugar para dormir, qualquer outro servia, mas o fato de a mulher não ter parado até chegar na frente desse levantava algumas perguntas.


— É o que parece — Zombou abrindo o trinco do portão, seus pés pisaram nos cascalhos os vendo emitir um som abaixo de sua sola — Vem, vamos entrar antes que fique noite.


Akemi foi até a maçaneta e a girando, constatou estar trancada. Fazia sentido estar assim, então, teria de entrar por uma das janelas do andar superior — a única que não era telada para Kuro não fugir e sendo de seu quarto de estudos, ele e nem seu irmão entravam.


— Trancado — Avisou a jovem para o loiro não muito longe. Indo até onde ficava a calha de escoamento, se agarrou ali.


— Não é mais fácil as janelas do andar inferior? — Chishiya disse com um leve tom de piada, mas ela não pareceu se importar — Akemi? Sabe que não sou muito bom em escalar.


— Eu sei — Ela disse finalmente chegando até a janela a abrindo — Mas diferente de você que eu duvido ter feito algum exercício físico nessa vida, eu sou boa.


A mulher desapareceu da visão de sua dupla, o loiro suspirou esperando que Akemi logo aparecesse na sua frente como ela parecia tanto gostar de fazer. Não demorou mais que dois minutos para escutar algo como o tilintar de chaves antes da porta a sua frente ser destrancada revelando uma dançarina que sorria satisfeita — Prontinho.


— E aqui seria? — Shuntaro já tinha ideia de onde estavam, mas preferia escutar diretamente da mulher que sorria enquanto trancava a porta. Um sorriso calmo e reconfortante.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora