Capítulo V

1.9K 191 75
                                    

Dias se passaram depois daquele pesadelo e muito mudou em Akemi. Quando ela voltou para buscar suas coisas descobriu que o grupo havia sido extinguido totalmente.


Por curiosidade a mulher entrou no clube encontrando dois corpos quase que completamente carbonizados, o que sobrou mostrava se tratar dos dois vigias que tomavam conta do grupo — uma pena, eles não pareciam ser pessoas ruins, mas esse mundo parecia o inferno e pessoas boas não duravam.


Tomando um rumo diferente, Akemi se tornou o que poderiam chamar de nômade: nunca ficando mais do que uma noite de sono em um lugar, arrombando casas em busca de mantimentos e um pouco de segurança quando preciso e todos os momentos que tinha para descansar ou ela passava fazendo exercícios físicos ou estudando.


Em uma de suas mudanças de local ela encontrou uma antiga biblioteca e adentrando o lugar, achou alguns livros de extrema importância para sua sobrevivência e outros que no seu mundo "normal" estava louca para conseguir pôr as mãos.



Akemi sabia que não conseguiria levar aquele peso com ela e até pensou em criar um lugar seguro e definitivo, mas o medo de ser pega devido essa criação de rotina fixa era grande e perigosa demais. Tentador ter todos aqueles livros a sua disposição, desde os de medicina com versões mais atuais no mercado a biologia de plantas e insetos venenosos; era o paraíso.


A dançarina tomou o que foram longos e prazerosos três dias naquela biblioteca, lendo tudo que conseguia e decorando o conteúdo como sempre fazia na faculdade. Quando se passou esses três dias e tudo se tornou perigoso demais para arriscar continuar, como apareceu na biblioteca, Akemi desapareceu.

♠ — ♠


Se passaram mais alguns dias até que seu visto estivesse para espirar e novamente tivesse de pôr sua vida em risco em jogos doentios feitos por mentes desprovidas de sanidade ou piedade. Akemi já havia dominado melhor alguns movimentos básicos de parkour e isso se dava a sua já experiência com dança e exercícios de calistenia.


Quando o sol desapareceu do horizonte e se ergueram as luzes dos jogos no céu, Akemi se guiou até a arena mais próxima enquanto respirava calmamente para oxigenar seu sangue adequadamente e esperar para que o que estivesse por vir não fosse sua morte.


Ao se aproximar do lugar onde ocorreria o jogo que iria participar, a mulher observou bem o prédio para analisar e imaginar o que poderia enfrentar ali. Escondendo sua bolsa com suprimentos de primeiros socorros em um canto um pouco afastado do prédio de sete andares em um formato semelhante a letra T.


Subindo alguns degraus, se aproximou da mesa onde estava alguns celulares esperando as vítimas da carnificina. Aproximou do rosto escutando a voz eletrônica avisar sobre sua inscrição e se afastou do centro indo para um canto mais afastado.


Akemi puxou do seu cinto de utilidades as luvas que usava em todos os jogos, aos poucos desgastada pelos esforços, as ajeitando bem antes de prender no pulso. Abrindo e fechando as mãos, suspirou pesadamente, o sentimento de estar sendo observada a deixando em total estado de alerta.


A dançarina vasculhou com o olhar cada pessoa presente ali, pensativa e questionando quais ali sobreviveriam e qual seria o jogo da vez. Ainda traumatizada com o jogo da morte fervente, as pequenas marcas que sobraram em seu corpo lembrando de sua quase morte, encarar todos parecia um adeus silencioso.

Raposa | Shuntaro ChishiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora