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25 DE FEVEREIRO, 2019

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25 DE FEVEREIRO, 2019.

O silêncio reinava dentro do carro e Jisung não fazia questão de quebrar. Junhan estava deitado em seu ombro, mas ele não dormia, era difícil dormir com o clima mórbido que se instalou. O Han se sentia péssimo. Estava em outro país e iria morar com pessoas que claramente não tinha intimidade e nem queria. Não via sua mãe há anos e de repente, foi obrigado a conviver com ela e com sua família perfeita.

Jisung tinha dezessete anos e tinha uma irmã de quatorze. As contas não batem, né? Simples, sua mãe traiu seu pai quando eles tinham apenas três anos e depois se separou. A mais velha se casou com o cara que engravidou ela e os dois estão juntos até hoje. Sim, ela se casou com o amante. Ele não a perdoou pelo pequeno abandono, mas não tinha muito o que pudesse fazer. Eram coisas muito além de seu controle.

O Han sentia que podia enlouquecer a qualquer momento. A sensação de que tinha decepcionado seu pai, o consumia. Ele não fazia por mal, só gostava de corridas, ele não tinha culpa que as mesmas eram ilegais. E também não é como se ele pudesse mudar quem era. Gostava de carros e seu irmão gêmeo era idêntico a si.

Jisung não conseguia desviar o olhar da paisagem. Não se lembrava muito bem onde sua mãe morava, porque ela se mudou recentemente. Mas de uma coisa ele tinha certeza: Não iria ter as mesmas mordomias que tinha em Los Angeles. Seu pai sempre foi muito gente boa com os filhos, sua mãe e seu padrasto nem tanto.

Mas precisava esquecer seu pai, ele tinha desistido dos filhos.

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Sentiu o carro parar e empurrou de leve o ombro de HyeongJun, que apenas abriu os olhos. Ele obviamente não estava dormindo.

- Sejam bem vindos a Seul. - Falou Lee Jihye, ex Han Jihye. Jisung odiava esse sobrenome.

Jisung nada falou. Ele apenas saiu do carro segurando uma mala pequena e Junhan o acompanhou, segurando também uma mala pequena. Olhou ao redor só para constatar que sim, sua mãe morava na parte mais rica de Seul. Ele não tinha ideia do que a mais velha fazia, mas Jeongho, seu padrasto, era um médico renomado e rico. Muito rico.

- Olha, Sung -

Ele nem deixou ela continuar.

- Quatro anos que eu não te vejo e eu sinceramente, só estou olhando pra sua cara porque eu fui obrigado. E eu espero que o seu marido, não venha me dar ordem. Ele não é nada meu

A Lee engoliu seco. Ela sabia que não era a melhor mãe do mundo, mas não merecia esse tratamento. Amava seus filhos igualmente.

- Jisung, nós precisamos nos entender, para que a convivência fique boa.

Jisung riu em descrença.

- Convivência boa? O seu marido não gosta da gente.

- Ele -

- Não gosta, eu não sou idiota.

Ela suspirou derrotada.

- Vamos entrar, já preparamos o quarto de vocês.

Ela caminhou na direção da casa e Jisung encarou Junhan, que só deu de ombros e acompanhou a mãe; ele fez o mesmo, não tinha muito o que fazer. Ao entrar em sua nova residência, o Han se sentiu deslocado. Ali não era sua casa e nunca seria. Mas agora ele não tinha mais onde ficar. Seu pai tinha desistido de si.

- Bem vindo. - Jeongho surgiu na frente da esposa e dos enteados. - Nossa casa é sua casa. - Ele sorriu na direção de Jisung e de Junhan.

- Oi. - Junhan falou, mas Jisung ficou em silêncio.

- Eu escutei a voz da... - Chaeryeong também surgiu e ela tinha um sorriso acolhedor no rosto. - Oi, gente.

- Oi. - Jisung não tinha nada contra ela.

- Vou mostrar o quarto se vocês.

Ela os puxou pela mão e Jisung se deixou levar. Não estava com disposição suficiente para debater. Eles subiram as escadas e logo estavam andando por um corredor longo. A casa era relativamente grande, bem diferente da antiga. E só aí ele reparou em sua irmã. A Lee só tinha cartoze anos, mas tinha ficado linda. Seus cabelos estavam longos e vermelhos e ela tinha ficado a cara da sua mãe.

Foi trago de volta a realidade, quando ela falou.

- Sung, esse é seu quarto. - Ela falou e o citado riu de lado. Ninguém o chamava dessa forma, somente sua mãe e sua irmã. Ele não podia negar que tinha sentido falta disso.

- Valeu.

- Junhan, esse é o seu.

Jisung entrou em seu próprio quarto e ficou bem surpreso ao ver que tudo ali tinha a sua cara. O local não tinha nada, igual ao seu antigo quarto; apenas tinha uma cama de casal, mesa de estudos, algumas prateleiras vazias, um notebook e duas mesas de cabeceira. Ele gostava de coisas simples e parecia que sua mãe sabia bem disso.

O closet já tinha algumas roupas e tudo ali parecia com ele. Esvaziou sua mala, colocou alguns CDs na prateleira e alguns mangás que gostava. Se jogou na cama assim que terminou a ficou encarando o teto. Ele nunca tinha morado em Seul e das vezes que foi, ele apenas ficava dentro de casa ou saia com sua mãe para jantar.

As coisas tinham dado errado em um curto espaço de tempo e ele não sabia o que fazer. Estava em um país novo para si e longe da única pessoa que tentou entendê-lo, mas no fim não conseguiu e desistiu. Sua mãe era uma estranha para si, não convivia com ela. A única coisa boa, foi seu irmão ir junto. Pelo menos alguém naquela casa o amava.

Jisung se sentou na cama, quando a porta de seu quarto foi aberta e sua mãe entrou, segurando duas sacolas grandes. Ela as depositou em cima de sua mesa e encarou o filho.

- Seus livros e seu uniforme, tem uns cinco no total.

Jisung franziu o cenho em confusão.

- Escola Jisung, você vai pra escola dia primeiro.

O Han sabia que ia ter que estudar, mas ele não achou que seria tão rápido.

- Aonde?

- Na mesma escola que sua irmã, a diferença é que vocês estão no último e ela no décimo primeiro.

- E onde fica? Como a gente vai pra lá?

- Sexta-feira vai sair um ônibus do centro de Seul, que vai levar vocês direto pra escola.

Jisung não gostou muito disso. Se um ônibus iria buscá-los, isso queria dizer que...?

- E um colégio interno?

Ela se limitou a assentir.

Jisung apenas riu, ele não teve reação.

- Nós somos tão péssimos, que vocês vão nos colocar em um colégio interno?

- Não é isso, Jisung. - Ela passou a não por seus cabelos e suspirou frustrada.

- Então o que é?

- Lá é um bom colégio, minha filha estuda lá.

Jisung assentiu.

- Você não devia ter tido filhos. - Ele falou e ela o encarou. - Ou você abandona seus filhos ou você os joga em um colégio interno. Você e meu pai deviam ganhar um prêmio de pais do ano.

Jisung não se importava mais se a estava magoando ou não. Quando ele foi magoado, ninguém se importou, porque ele devia se importar com alguém?

Ele tinha se tornado alguém que não era e ele não tinha mais certeza se dava pra voltar atrás.

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Between Rivalry, Kisses & Racing - MinSung Onde histórias criam vida. Descubra agora