Meu celular desperta em cima da mesa de cabeceira e não é necessário eu ter que me levantar, por que passei a noite toda acordada.Posso até ir virada para a escola hoje, porém todas minhas tarefas da escola estão feitas, estudei para provas que terei daqui duas semanas, terminei de ler um livro, e agora estava montando um quebra-cabeça de cinco mil peças enquanto pensava no final do livro, ainda não acredito que a autora teve a audácia de matar o protagonista.
Acho incrível minha capacidade de realizar várias tarefas para simplesmente não pensar, era isso ou chorar deitada, mas chorar deitada é horrível porque as lágrimas caem no ouvido e o nariz entope mais rápido, e eu ainda acordaria no dia seguinte com o rosto inchado e passando a noite inteira acordada a única coisa que terei serão olheiras.
Larguei o quebra-cabeça de lado e fui me arrumar, vestindo uma legging preta, a blusa de uniforme, um moletom lilás sem estampa e o que dava um toque final no meu look: Meus chinelos brancos e meia.
Não precisei arrumar meu cabelo pois eu havia lavado meu cabelo no dia anterior e a finalização dele estava durando, mas eu coloquei a touca do moletom e meus óculos. Hoje eu me superei, acho que nunca fui tão feia para escola.
A fase jovem idosa chega para todas.
Fui ao banheiro e entendi minha fase depressiva ontem, era apenas TPM.
Eu falei sobre quase toda minha vida para o Aaron por causa da porcaria da TPM? É muita humilhação para uma pessoa só.
Se arrependimento matasse eu teria morrido no momento em que eu soube que havia nascido no Brasil.
Fui para a cozinha com vontade de me desviver ou arrancar meu útero e meus ovários. Abri a geladeira e peguei um energético ao invés de tomar café, pois preciso de energia para aguentar o dia sem tirar um cochilo.
— Energético essas horas? — Meu irmão pergunta.
— Sim, quem sabe me dê uma taquicardia e eu morra.
— Anna, minha filha, isso não é coisa que se diz quando se possui um marca-passo — Minha mãe diz entrando na cozinha com seu pijama da Barbie.
— Foi mal.
— Você vai desse jeito pra escola? — Minha mãe pergunta.
— Algum problema?
— Nenhum, mas cuidado pra não confundirem você com uma mendiga. Esse seu moletom já está pedindo arrego, minha filha.
— Daqui alguns dias ele vai sair andando sozinho — Meu irmão diz.
— O que vocês tem contra meu moletom? Vocês sabem que ele é o único que eu tenho nessa cor. Sou apegada nele desde os meus quatorze.
— Exatamente, e você já tem dezessete,ou seja, ele já está na luta há quatro anos.
— Você podia levar a gente na escola hoje, né? — Perguntei a minha mãe,mudando de assunto, já estava chovendo e eu não posso chegar dirigindo na escola porque não tenho carteira ainda.
— Não.
— Mas mãe, eu estou meia e chinelo, e tanto o chinelo quanto a meia estão branquinhos.
— Não estão não — Meu irmão fala olhando para os meus pés.
— Cala a boca, Gabriel!
— Você tem vários tênis, não usa porque não quer.
— Vai sujar eles, mãe. E estão todos limpos.
— Certeza?
— Sim.
— E o que aquele vans que você usou há duas semanas atrás faz ali embaixo da escada?
Tá, agora eu perdi o argumento.
— Caralho, Anna, aquele tênis tá ali há duas semanas já e você não lavou nem guardou?
— Eu esqueci, tá legal?
— Esse esquecimento se chama preguiça — Minha mãe argumenta — E se não quiser ir a pé para a escola peça ao seu pai para te levar, hoje ele está de folga.
— Já eu peço, e mãe? Quando a gente vai na fazenda?
— Não sei, seu pai foi esses dias.
— E por que ele não me levou?
— A gente não sabia que você queria ir.
— Nunca vi uma pessoa gostar tanto de mato igual você — Meu irmão diz.
Eu realmente amo muito a fazenda, quando era pequena passava quase todas minhas férias lá com meus avós. Inclusive acabei ganhando algumas cabeças de gado nelore do meu avô de presente.
Subi sem responder meu irmão e fui acordar meu pai.
— Bora acordar que puta não dorme, puta cochila! — Praticamente gritei enquanto puxava os cobertores dele e ligava as luzes do quarto.
Só não abri a janela porque estava chovendo e molharia o tapete.
— Só cinco minutos e eu levanto.
— Não, porque hoje você vai me levar para escola. Ordens da dona Elena.
— Onde eu estava com a cabeça quando deixei uma mulher mandar em mim — Ele diz saindo da cama.
Enquanto ele tomava banho eu me joguei na cama dele e fiquei encarando meu reflexo no espelho que havia no teto enquanto esperava.
Tenho certeza que meus pais tentaram imitar a ideia de um motel no quarto deles, pois tem luzes que trocam de cor conforme o som, vários espelhos, só faltou o pole dance.
Meu pai saiu do seu closet vestindo seu moletom, e reparei em suas tatuagens, ele tinha o braço esquerdo quase fechado de tatuagens, e nas costas uma tatuagem enorme de um dragão que era linda.
— Eu também quero ter tatuagens — Eu falo baixo.
— O que?
— Eu quero fazer tatuagens. Você me levaria?
— Assim do nada?
— Sim, e eu acho que quero um piercing no mamilo igual à minha mãe.
— Tá, eu te levo. É só você me dizer quando.
— Sério?
— Sim. Mas vê com sua mãe a relação do piercing primeiro.
— Tá Bom.
Talvez o Aaron tenha razão, eu realmente sou muito mimada.
Eu e meu irmão entramos no carro e meu pai já estava ligando o som, e saindo em alta velocidade, ele e eu sempre achamos que estamos em velozes e furiosos.
Minha mãe saiu com o carro dela para ir trabalhar e meu pai fez questão de parar o carro pra falar com ela.
— Tchau amor da minha vida, dirija com cuidado. Tenha um bom dia! — Ele gritou para ela.
— Também te amo muito, chuchu! Gabriel e Anna, prestem atenção na aula porque conhecimento é a única coisa que ninguém te tira, você mesmo esquece, amo vocês! — Ela grita de volta.
CONTINUA...
Vocês estão realmente gostando da história? Pq na minha cabeça a história tem mt potencial, porém n consigo escrever como imagino.
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Meu vizinho é meu inimigo
RomanceAnna Liz, uma jovem que persegue desde a infância um desejo: um intercâmbio para LosAngeles. Com sua melhor amiga ao seu lado, a promessa de uma aventura repleta de descobertas se materializa. Contudo, na trama complexa da vida, um elemento inespera...