Cap 34: Não sou gay, mas...

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Sinto alguém me cutucar, tento ignorar me virando para o lado mas não adianta, a peste continua a me cutucar, abro meus olhos decidida a xingar até a décima geração da pessoa mas acabei levando um susto com a cara do meu irmão próxima a minha.

- Aí misericórdia! - Falo levando minha mão ao coração.

- Tava dormindo?

Hoje tiraram o dia para testar minha paciência, por que não é possível uma pergunta dessa.

- Não, eu estava esperando o momento certo pra fazer isso - Digo e lhe meti um tapa no braço.

- Cadela! - Ele me xinga.

- Também te amo, feioso.

- Amargurada, só queria dizer que o filme acabou e que a gente está lá na piscina.

O problema do Gabriel é que ele sempre tem uma boa intenção por trás dos atos que me fazem querer matá-lo. Aí eu nunca sei se fico com dó ou com raiva.

Ele saiu para lá e eu fiquei uns minutos mexendo no celular, depois fui para a área da piscina. Cheguei lá e vi que Kamilla estava lá.

Quando ela chegou que eu não vi? E por que está tão ensolarado sendo que duas horas atrás estava nublado?

Os comprimentei e me sentei em uma cadeira ao lado da minha vó que estava distraída com seu notebook.

- Não vai entrar na piscina com eles? - Minha avó pergunta.

- Não. Tô sem clima para entrar.

Fiquei uns minutos lá e comecei a suar de tanto calor que estava fazendo. Então eu fui procurar um short e um cropped para vestir. Eu sempre deixo algumas roupas na casa da minha avó, então não foi difícil encontrar algo.

Achei um cropped e um short jeans e vesti, logo depois desci para a piscina e me sentei na borda. Enquanto eu me trocava eles colocaram uma música para animar.

Começou a tocar evidências e nós começamos a cantar.

- pensei que os jovens de hoje em dia ouvissem funk, card b e não músicas da minha época. - Minha avó disse olhando e nos julgando.

Gabriel e Matheo se apoiaram um no outro enquanto cantavam parecendo que realmente sofriam, Kamilla e eu começamos a rir deles.

Depois da palhaçada comecei a ver tiktok no meu celular e vi um vídeo com a música vai Luan, e imediatamente me lembrei de Madu. Logo enviei o vídeo para ela e quando eu ia digitar que era para ela mandar para Alex me jogaram água. Olhei e vi que era matheo.

- Sai desse celular, Fracassada - Ele fala.

Só queria saber porque gostam de me humilhar tanto.

- Para cara, fazer bullying com gente fracassada leva eles a serem ainda mais fracassados, olha para ela, ela não precisa ser lembrada de mais um defeito - Meu irmão diz.

- Nossa, verdade.

- Por um segundo pensei que você me defenderia, Gabriel.

- Silêncio fracassada - Gabriel me responde.

- Na falta de amor e carinho fume um verdinho - Kamilla fala se sentando ao meu lado.

-Vai ser a solução.

- Vai entrar na piscina não?

- Hoje não estou afim não.

- Por que? - Ele disse, começando a se aproximar de mim com um sorriso - Hoje está um dia tão quente.

- Corre! - Kamilla falou.

Obedeci e me levantei e imediatamente ele já foi saíndo da piscina com um sorriso no rosto e correndo em minha direção.

Começamos uma corrida em volta da piscina enquanto ríamos e eu gritava quando percebia que ele estava mais perto.

- Vó! Me ajuda! - Gritei e ela continuou plena bebendo sua cerveja enquanto nos observava com um sorriso no rosto.

Logo em seguida Gabriel saiu da piscina puxando-me e me pegando no colo enquanto eu gritava e ria ao mesmo tempo, percebi que Matheo fez o mesmo com Kamilla. Logo em seguida os dois pularam na piscina com Kamilla e eu no colo.

Mergulhamos na água e logo em seguida começamos uma guerra na água, jogando água para todo lado.

...

Cheguei em casa só o pó, tomei um banho e vesti meu pijaminha confortável todo rosa. Logo desci para poder jantar.

- Oi, amores da minha vida - Meu pai fala todo sorridente quando eu e meu irmão chegamos na cozinha, enquanto minha mãe está distraída no celular.

Ele vai soltar alguma notícia aterrorizante e não vai demorar.

Eu e Gabriel nos entreolhamos e começamos a sair de fininho. Quando meu pai está em sua consciência normal ele não nos chama de amores, mas sim de: seres endemoniados, criaturinhas amáveis, entre outros.

- Podem voltar aqui - Ele diz - E você sai desse celular. - ele pega o celular da minha mãe e coloca no bolso.

- Desembucha, Marcos. - Nós três falamos juntos.

- De onde vocês tiraram que eu tenho que falar algo.

- Você chou as crianças de meus amores, Marcos.

- Tá bom, então... vamos ter visitas por alguns dias.

- O quê?! - Eu e Gabriel falamos juntos.

Isso significa que a casa vai receber a parte conservadora da família, por que o único da família do meu pai que não tem um pingo de vergonha na cara é ele, e isso significa que terei tias me criticando tempo todo, me perguntando onde estão meus namoradinhos e mais um monte de coisas do tipo.

É oficial, eu vou matar.

- Você está brincando, né pai? - Gabriel pergunta.

- Não.

- Pai, a última vez que a tia Sônia veio aqui ela deduziu que eu era gay pela minha pantufa que era rosa!

- Uai, e não é? - Meu pai zoou.

- Ela disse que era para eu me benzer e passar a frequentar a igreja, como se alguém ser gay fosse o maior crime do mundo! Imagina na hora que elas descobrirem que a Anna é meio sapatão?

- Eu sou bissexual - Me defendi.

- E uma bela de uma biscate, não se esqueça - minha mãe disse.

- Valeu pelo apoio, mãe. Mas eu concordo com o Gabriel, por que ela fica tão preocupada com a sexualidade dos outros e procura mochar aqueles chifres dela? Por eles já estão começando a furar o teto e se ela conseguir passar por aquela porta vai ser a grande vitória.

- Por que ela é do time de pessoas conservadores e mente fechada, crianças. Infelizmente ainda existe gente assim no mundo, e precisamos lidar com eles.

- Mas precisava ter que lidar com eles dentro da nossa própria casa? - Gabriel pergunta indignado.

- Infelizmente eles ainda são da família.

- Mas que merda. - Resmungo.

- Eles devem vir qualquer dia desse.

- Ally, onde está aquela bandeira lgbt sua? Eu não sou gay, mas faço questão daquela bandeira na porta do meu quarto.

Continua..

Meu vizinho é meu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora