CAP 33: pó

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Saio da escola toda feliz, pois hoje eu não terei que trabalhar e irei para a casa da minha avó.

Agora só tenho que esperar o Gabriel sair da escola para irmos juntos, o problema é que ele sempre é um dos últimos a sair, e eu falto pouco a sair correndo quando toca o sinal, só não faço isso porque é a turma do sétimo que sai correndo.

Mas se não fosse muita vergonha eu sairia correndo também.

Minha mochila pesa em meus ombros e minha cólica aumenta, então me sentei na calçada do outro lado da rua para esperar meu irmão.

— Aqui, você precisa mais do que eu — Vejo uma nota de dois reais entrar no meu campo de visão.

Me viro e vejo Ryan se sentar ao meu lado.

É pedir muito um dia de paz?

Minha vontade é pegar a nota de dois reais que ele mantém estendida e rasgá-la, mas vou me comportar, não quero me estressar hoje, então vou manter a calma.

— Por que você não enfia um rojão no cu e sai voando para a casa do caralho?

— Vejo que seu temperamento continua o mesmo. Mas não precisa se estressar, só estou esperando minha namorada.

— Se você possuísse uma gota de vergonha na cara você não chegaria perto de mim.

— Você sabe que eu estou com a Rafaela mas quem eu queria mesmo era você, não sabe? Eu ainda te amo, baby.

— Ama minha pica, Ryan! Se me amasse mesmo não teria feito o que fez — Falei e finalmente olhei para ele.

Como eu tinha coragem de beijar ele? E como eu achava ele bonito? Ainda bem que passei a usar óculos.

— Você vivia me negando o que eu queria, e a carne era fraca, tive que procurar na rua.

Eu revirei o olho tão forte que pensei que nunca mais fosse enxergar.

— Homem é mesmo um atraso para a sociedade, vê se vai para a casa do caralho e não volta nunca mais, o mundo vai agradecer.

Me levanto e vou até meu irmão que havia acabado de sair da escola. O tonto ainda não tinha me visto pois estava conversando com Ayla, ele também estava com o braço no ombro dela e ela segurava sua mão.

Eu estava atravessando a rua quando Gabriel avançou em Ayla e a beijou. Como assim meu irmãozinho beija na boca?

Mas se ele me disse que até já transa, quem dirá beijar na boca... Mas ele é apenas uma criança atentada que me perseguiu com um facão na fazenda quando tínhamos 10 e 11 anos, e me lembro disso como se fosse ontem.

— Vê se não engole a menina, Gabriel — Falo assustando os dois.

— Caralho, Anna Liz!  — Ele xinga e ela me dá um oi.

— Podemos ir ou vocês dois querem ir pra um lugar mais reservado?  — pergunto.

— Podemos ir, irmãzinha — ele fala na força do ódio e se despede de Ayla com um selinho.

Nem estou com inveja, você que está.

— Não conta para o Aaron — Ele fala quando começamos a andar.

— E por que eu contaria? Nem gosto dele.

— E o que vocês faziam dentro daquela sala hoje mais cedo?

— Nossa você cortou o cabelo? Ficou daora.

— Anna Liz…

— Sua pele está muito bonita, o que você tá usando para ela ficar assim?

— Não mude de assunto, por favor.

— Quem está mudando de assunto aqui?

— Você. O que você está escondendo?

— Ele só me puxou para a sala porque a coordenadora estava vindo e iria brigar com a gente por estarmos fora da sala de aula.

— Eu estava poucos metros atrás de vocês e te garanto que a coordenadora não estava vindo. Por que você não diz a verdade logo?

— Mas eu não estou mentindo. Foi isso o que ele disse para mim.

— E vai me dizer que não rolou nada dentro daquela sala?

— Tu não é meu pai, então não te devo explicações, mas em todo caso e todavia eu só provoquei, nem beijei ele, nem nada. Satisfeito?

— O termo 'não gostar' acabou de ganhar um novo significado. E sim, estou satisfeito, milady.

Continuamos a andar e do nada Gabriel começa a rir sozinho.

— Vai me explicar o que está acontecendo dentro dessa sua cabeça oca? — pergunto.

— Estou imaginando uma galinha vendendo drogas.

— E qual a graça?

— pó pó pó.

— Tem que ser muito idiota para rir de uma coisa dessas — disse eu rindo.

— E por que você está rindo?

— Por que eu sou idiota e infelizmente compartilho dos mesmos neurônios que você.

Chegamos na casa da nossa avó e já fomos acolhidos calorosamente por Matheo.

— Desde quando a vó recebe mendigos aqui?

— Olha Matheo, meu mais sincero VÁ TOMAR NO CU INFELIZ!

Fiquei até mais leve após descontar minha raiva nele.

— Own! Que linda! De que raça ela é? Pinscher? Chihuahua? — Ele debocha.

Eu apenas mostro o dedo do meio para ele e subo para tomar um banho e deixo ele rindo junto com meu irmão. Dois hipócritas.

Eu estou de TPM e esse povo me estressado não está me ajudando nem um pouco.

Tomo um banho para relaxar e pego um conjunto de moletom da minha avó e visto. Graças a Deus minha vó sabe se vestir com estilo e eu posso roubar algumas coisas dela.

— Precisa de algo? — minha avó pergunta quando percebe que estou procurando algo nas coisas dela.

— Preciso de um remédio para cólica ou um baseado para eu aguentar os meninos.

— O baseado eu não vou ter, mas o remédio eu tenho — Ela falou pegando o remédio.

— Obrigada, vó.

— De nada, ally. Agora vamos almoçar, fiz strogonoff e os meninos já devem ter atacado as panelas.


Desci e almocei, logo em seguida decidimos assistir filme, e eu obriguei todo mundo a assistir Frozen 1.

CONTINUA...

Meu vizinho é meu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora