CAP 50: Muito burra mesmo

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Estou definitivamente em um terrível momento de minha vida.

Estou desacreditada que um dia fosse levar uma mentira tão longe quanto esta.  Estou aterrorizada com a ideia de que vou  apresentar um namorado falso para minha família, a ansiedade está me consumindo por inteira. Estou morrendo de medo de tudo isso dar errado.

Eu ainda não consegui decidir quem é o mais louco dessa história, eu por ter começado esse teatro ou quem aceitou participar dele.

Sempre sonhei com esse dia, mas está saindo tudo conforme eu não planejei, pouco mais de um ano eu imaginava esse dia inúmeras vezes com outra pessoa, e hoje estou aqui, com uma pessoa que eu nem suportava olhar na cara no início do ano.

Como consequência da minha ansiedade e um leve pânico não consegui dormir, durante a noite eu fiz diversas coisas e agora eu estou começando apresentar sinais de cansaço. Já estou com olheiras e meus olhos adquiriram um tom levemente avermelhado.

Estou a um bom tempo encarando meu reflexo no espelho, estou me sentindo uma farça. Preciso me arrumar minimamente, já são quase nove horas e já está todo mundo acordado, eu preciso sair do quarto, mas não posso sair usando uma mini camisola da elsa de quando eu tinha doze anos.

Respirei fundo, contei até três e abri a porta do meu guarda-roupa em busca de algo decente para vestir. Encontrei um macacão short jeans que eu não vestia há anos, e uma blusa branca para usar por baixo. A roupa se ajustou perfeitamente em meu corpo e não consegui conter o sorriso de felicidade que eu havia ganhado peso.

Passei um corretivo em minhas olheiras e um lip tint para dar um ar de saúde, e meu cabelo permaneceu como estava, um coque que havia feito de forma que não estragava meus cachos caso eu quisesse solta-lo.

Peguei meu celular que carregava e verifiquei, nenhuma notificação. Imaginei que o Aaron fosse me mandar alguma mensagem.

  Depois de tanto procrastinar desci para o andar de baixo da casa.

Graças a Deus não tinha ninguém na cozinha além do pamonha do meu irmão.

— Hoje você me superou no quesito mentira. — Ele falou enquanto tomava um gole do copo de refrigerante.

— Fala baixo.

— Não tem ninguém aqui.

— Eu não achei que uma mentira besta viraria esse circo todo. Sou uma decepção até mentindo

— Ei, você não é uma decepção, você não engravidou com quinze anos, já é um bom começo.

Concordei com a cabeça e bebi um gole da água que eu havia me servido.

Após um momento em silêncio pude ouvir barulhos de patinhas correndo pela casa, era a Magali.

— Gabriel.

— Hm? — Ele disse distraído com o celular

— Essa cachorra passou por um vendaval essa noite? — Falei encarando Magali, seu pelo estava  todo bagunçado. — Você é um tio extremamente irresponsável. Vem aqui com a mamãe, vem!

Ela veio correndo em minha direção, muito provavelmente por que achou que ia ganhar comida.

— Ô meu amor, o titio é um irresponsável, né? Vem com a mamãe, vou te arrumar.

— Deixa de ser idiota, garota! — Meu irmão disse enquanto eu sai.

Subi com a Magali para o quarto da minha mãe, eu deixava as coisinhas da Magali lá, meu quarto mal cabe minhas coisas. Penteei o pêlo da cachorra, logo em seguida coloquei uma roupinha azul claro que lembrava um pouco a roupa que eu vestia e coloquei um lacinho que também combinava com a roupinhas. E quando já estava saindo me lembrei do perfume novo que eu tinha comprado para ela.

Desci com ela novamente e dessa vez fui direto para área de lazer da casa. Quando eu olhei para as pessoas que estavam lá avistei três senhoras sentadas na mesa. Meu Deus, o trio casca dura! 

Parei de andar e alguém bateu em mim pelas costas, me assustando, olhei para trás e vi que era meu irmão.

— Cego!

— Sonsa!

— Pelo menos eu olho para frente enquanto ando.

— E por que você parou?

— O trio casca dura se juntou.

O trio casca dura era composto pela tia Sônia, tia Efigênia, e tia Lúcia. A tia Efigênia e a tia Lúcia simplesmente fazem parte da família, a família é bem grande, por isso meu irmão e eu nunca soubemos de onde temos parentesco com essas velhas, mas sabemos que não gostamos delas.

— Vamos ter um longo dia. — Gabriel disse em um suspiro.

— O primo mais legal dessa família chegou! — Mattheo praticamente gritou entrando pelo portão aberto.

Quem chamou esse imprestável aqui?

— O que o Matheo está fazendo aqui?

— Se você não deixasse todos os grupos da família silenciados você saberia que hoje a família da mãe também irá se fazer presente.

— Ah entendi, é agora que eu morro?

— Deixa de ser besta, garota.

— Oi prima linda! — Matheo me comprimentou.

— Oi, coisa feia.

— Recalcada. — Ele disse e foi cumprimentar outra pessoa.

— Como você aguenta? — Perguntei para namorada dele.

— Não sei, no começo era tão romântico, agora tai, outro dia me chamou de galinha do rabo depenado, acredita?

— Acredito, é a cara dele.

Vi Madu chegar e fui em direção dela.

— Demorou tanto que achei que não viria.

— É mais fácil você faltar do que eu, meu amor. Agora bora, quero beber algo.

Não demorou muito e ela estava com uma cervejinha na mão junto da tia Nicolly.

Muitas pessoas haviam chegado, já não faltava ninguém além da família de Aaron. E se ele não viesse? Que desculpa eu daria? O que eu faria? Ele não daria uma mancada dessa, daria? E se essa foi alguma vingança dele contra mim? Eu vou ser a chacota da família.

Estou perto da tia Nicolly e de Madu, mas não ouço nada do que elas falam, meu corpo está presente, mas minha mente não.

Olhei as horas e já era meio dia, eles provavelmente já não vinham mais. Ele tinha concordado que viria, ele tinha combinado comigo. Isso que dá confiar em homem, ainda mais um que não gosta de mim.

Eu sou muito burra mesmo.

Continua...

Meu vizinho é meu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora