Meu vizinho é meu inimigo

CAP 65: Criaturinha mentirosa

Sem abrir os olhos, estiquei-me preguiçosamente na minha cama, soltando um grunhido e esticando-me como um gato, antes de mudar de posição e abraçar o meu travesseiro, prestes a voltar a dormir.

Mas antes que eu pudesse embarcar no meu sono novamente senti algo bater em meu rosto, me fazendo abrir meus olhos assustada e encontrando Aaron em minha cama com a mão em meu rosto.

Minha memória tardou alguns segundos para voltar, Aaron acordou com meu movimento repentino na cama, seus olhos se arregalaram, logo em seguida ele se sentou na cama.

— Que porra é essa? — Ele disse, completamente assustado.

E se... por que não?

— Você não se lembra de ontem?  — Perguntei me cobrindo até o pescoço, tentando me mostrar inocente.

A forma que ele me encarou foi única, seus olhos arregalados olhando para a cama e para mim, suas sobrancelhas franzidas e sua boca entreaberta. Não aguentei e comecei a rir.

— A gente não fez nada de mais idiota. — Falei, saindo debaixo das cobertas.

— Então por que raios eu estou...— Ele olhou ao redor seu olhar parando em mim— No seu quarto? — Ele disse com seu olhar me percorrendo.

— Qual a última coisa que você se lembra? — Perguntei tomando a água que eu havia deixado para ele tomar.

— Acho que... não sei exatamente, como eu vim parar aqui?

— Eu te trouxe, aliás, de nada viu? 

Agora ele tinha o cotovelo apoiado em seu joelho, sua mão na cabeça, parecia pensativo.

Estou quase sentindo dó.

— Bom, deixe-me te atualizar do que você fez, você começou a beber que nem um Opala, mal se aguentava de pé, tentou me beijar, eu vi que você já não se aguentava em pé e sobrou para mim te trazer para casa, e você praticamente me obrigou a dormir com você.

Essa última parte não é tão verídica assim, mas isso ele não precisa saber.

— Se tem alguma merda catastrófica o pessoal que deve saber. Já ia me esquecendo, você perdeu as chaves de casa também.

— Você tem algo para dor de cabeça? — Ele perguntou após um tempo em silêncio.

Busquei o remédio e lhe entreguei.

— Toma um banho, pode ajudar. — Falei. — Devo ter alguma roupa do meu irmão por aqui. — Falei indo até meu closet procurar.

Encontrei uma camisa e uma bermuda, voltei ao quarto vendo Aaron ainda na mesma posição. Joguei a roupa dobrada em cima dele.

— Vou passar um café pra gente, se sinta a vontade, só não se sinta em casa. — Falei saindo e tendo um vislumbre de um sorriso em seu rosto.

Entrei na minha cozinha, colocando a água do café para ferver, e enquanto esperava percebi que ainda vestia o mesmo vestido de ontem à noite, minha bolsa estava jogada no sofá e meus sapatos jogados pela sala.

Recolhi meus sapatos e minha bolsa e levei para meu closet, ja pensando em tomar um banho assim que Aaron terminasse seu banho, ao entrar no meu closet vi uma toalha separada das outras, só então me dei conta de que me esqueci da toalha de Aaron.

Fui até o banheiro, hesitando um pouco antes de bater a porta.

— Aaron? — Chamei.

— Oi?

— A toalha, tinha me esquecido de te entregar.

Então a porta do banheiro foi aberta, me revelando um Aaron completamente nu, foi necessário todo o meu autocontrole pra não olhar para baixo.