CAP 31: Seu chá

2.7K 195 62
                                    


Assim que meu pai estacionou o carro, vi Aaron entrar na escola, e no mesmo momento me lembro de ontem a noite. Por que eu falei da minha vida com ele?

Desci do carro e já fui me encontrando com Madu.

— Oi, puta.

— Oi, rapariga — Ela estava com olheiras e toda de preto — Pelo visto não foi só eu que passei a noite toda acordada, e tô de TPM.

— Estamos juntas até na depressão, gata. O que aconteceu?

— O mesmo de sempre, e você?

— O mesmo de sempre também.

O mesmo de sempre de Madu é as brigas constantes na casa dela e seus pais descontando suas frustrações nela, como se ela fosse culpada por tudo de errado que acontece no mundo.

— Meus pais estão querendo se separar — Ela solta. — Ainda não sei se isso é bom ou ruim. Eles nunca deveriam ter tido duas filhas.

— Eu sou obrigada a concordar. Mas no próximo ano nós duas vamos morar juntas, aí você não vai ter que ficar ouvindo merda dos seus pais.

— Eu te amo, viu! — Ela fala e eu abraço ela.

— Eu também te amo.

Entramos na sala e nos sentamos no nosso lugar e abaixando nossas cabeças para tirar um cochilo antes da primeira aula começar.

Em menos de cinco minutos tive meu sossego interrompido, olhei e vi que era o Arthur.

Ele parece essas crianças encapetadas.

— Dá pra parar de fazer cócegas na minha nuca?

— Não. Por que vocês duas estão parecendo zumbis hoje?

— Estamos parecendo duas zumbis? — Madu pergunta.

— Sim. — ele respondeu e abaixei minha cabeça novamente.

Como a TPM pode destruir duas pessoas assim?

— Bom dia, barbie. Bom dia, rebaixada.

—Dia — Eu respondo sem levantar a cabeça pois sei que é Alex.

— Por que você só me chama de barbie? — Madu pergunta.

— Por que você é loira, tudo bem que falsificada e também porque a barbie tem todas as profissões do mundo e eu estou esperando você assumir a profissão de minha namorada.

— Caralho! — Arthur e eu falamos juntos.

Levantei a cabeça e percebi Madu começando a correr de vergonha. Vi Aaron pouco na frente com um sorriso no rosto. Tenho a impressão que essa foi ele que ensinou.

Comecei a rir quando ela não soube o que responder, eu estou rindo dela mas eu também não saberia o que responder. Ainda bem que é ela e não eu.

O professor chegou na sala acabando com nossa graça e começou sua aula. E conforme a aula foi se passando comecei a ficar com sono, para não dormir durante a aula,eu pedi ao professor para ir no banheiro, só que ao invés de realmente ir ao banheiro fui dar um rolê pela escola.

Decidi ir para a quadra, já que é dia de educação física hoje. Chegando lá eu vi que era a turma do meu irmão.

— Trabalhar que é bom, nada né? — Falo assustando meu tio que estava sentado no celular.

— Estudar que é bom, nada né? — ele me zoa de volta.

— Não, é revisão de história, deu sono, aí saí da sala para ver se passava — falei olhando para a quadra procurando por meu irmão.

Meu vizinho é meu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora